Ponto de Vista

“Se queres assumir em pleno o teu trabalho, não te esqueças de que toda a vocação só se consegue concretizar com muita dedicação.” Georges Bernanos

 Era uma vez, um rapaz muito bem educado que resolveu dar um peido à frente da sua mãe.

Mamãe, permita-me que eu dê um “pedi” à frente da senhora, pedia o filho que tanto respeito tinha pela mãe! Mas porque isso, meu filho, tanta educação lhe dei, e agora este comportamento avesso à consideração que penso merecer da sua parte?!

Mas, mãe, consinta que eu dê um “pedi” na sua frente, depois eu explico, e a senhora aprova a minha atitude. Se assim é, seja feita a sua vontade, respondeu a mãe.

Então, o rapaz abriu um “pedi bedju” que até os vizinhos ouviram!

Mãe, assuma este “pedi bedju” como uma metáfora, um fogo de artifício em honra ao Tribunal de Contas de uma República das bananas chamado Cabo Verde!

Irritada, a mãe repreendeu o filho, mas que tamanha falta de respeito para com as instituições de República, não foi esta a educação que lhe demos nesta casa, nós aqui fazemos vénia e honras ao Estado, respeitamos todas as instituições da República, portanto não estou entendendo este seu comportamento, esta falta de respeito para com o Tribunal de Contas, para com o seu Presidente, uma pessoa que muito estimo, dando um “pedi” na minha frente em honra ao Tribunal de Contas de Cabo Verde?

Mas, mãe, permita-me, mais uma vez, que eu apresente os meus motivos para dar este peido em honra ao Tribunal de Contas de Cabo Verde:

      i.         É uma instituição inútil, pois não cumpre a sua missão, totalmente partidarizada, parece-me que o seu Presidente foi Presidente da Assembleia Municipal do Tarrafal de Santiago eleito nas listas do MpD;

    ii.         Os dirigentes são nomeados pelo Governo, portanto sem autonomia própria, para fiscalizar as contas do Governo Central e Local!

   iii.          Persegue quem não recebe nada do Estado e fecha os olhos aos desmandos da Câmara Municipal da Praia dirigida por Óscar Santos, atual Governador do Banco de Cabo Verde, que num único ano fez contratos de obras por ajuste direto no valor de mais de duzentos milhões de escudos – um crime, minha mãe!

   iv.         Imagine só, mamãe, fazer contratos de obras públicas por ajuste direto, imagine o “rio de dinheiro” que poderá ter passado por debaixo da ponte de Lém Ferreira!

     v.         Foi chamado para auditar as contas da Câmaras Municipais perdidas pelo MpD nas eleições de 20 de Outubro de 2020, recusou categoricamente a cumprir a sua atribuição;

   vi.         Mamãe, tivesse o Tribunal de Contas a “mão dura” e o rigor no cumprimento da sua missão, Cabo Verde não seria um paraíso dos crimes de colarinho branco, nomeadamente nas Câmaras Municipais, onde dirigentes entram pobres e saem ricos!

 vii.         Se formos aos juízos de mérito na gestão da coisa pública, teríamos também aonde apontar o dedo ao Tribunal de Contas, pois o esbanjamento dos recursos públicos é por demais evidente e o povo já diz que vivemos num pobre onde os dirigentes públicos ostentam a riqueza – país pobre, políticos ricos;

viii.         O Tribunal de Contas é um braço político partidário do MpD e escolhe os seus alvos em função do credo partidário;

A Mãe atônita responde: tens razão meu filho, portanto vamos os dois dar um peido, simultaneamente, em honra ao Tribunal de Contas da república das bananas chamado Cabo Verde.

Assim, a mãe e o filho soltaram os seus “buns” e fartaram-se de rir em honra ao Tribunal de Contas de Cabo Verde!

“Sapatinha riba, sapatinha baxu, quem ki sabe mas, conta midjor”

Sal Rei, Boa Vista, 28 de fevereiro de 2021