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Reservas dos bancos comerciais subiram para 54,2 milhões de contos em 2020
Economia

Reservas dos bancos comerciais subiram para 54,2 milhões de contos em 2020

As reservas dos bancos comerciais que operam em Cabo Verde aumentaram em 2020 para 492 milhões de euros (54,2 milhões de contos), renovando novos máximos apesar dos efeitos económicos da pandemia de covid-19, segundo dados oficiais compilados pela Lusa.

De acordo com um relatório mensal do Banco de Cabo Verde (BCV) com o balanço consolidado dos bancos de depósitos, as reservas bancárias, normalmente colocadas pela banca à guarda do banco central para situações de emergência, atingiram em 2017 os 47.140 milhões de escudos (424,5 milhões de euros) e em 2018 cresceram para 49.521 milhões de escudos (446 milhões de euros).

De 2019 para 2020, essas reservas, segundo os dados do BCV compilados pela Lusa, cresceram 1%, para quase 54.247 milhões de escudos (492 milhões de euros) no final de dezembro passado.

Este crescimento acontece em pleno período de crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19, com a aplicação de moratórias aos créditos bancários aplicados desde abril de 2020, para mitigar essas consequências, conforme decidido pelo banco central.

Os sete bancos cabo-verdianos que podem trabalhar com clientes residentes no arquipélago somaram lucros recorde superiores a 30 milhões de euros em 2019, mas os riscos associados à pandemia de covid-19 impediram a distribuição de dividendos pelos acionistas, obrigando à constituição de reservas.

Segundo dados das contas dos sete bancos, aprovadas pelos acionistas de cada instituição durante o ano de 2020 e compilados anteriormente pela agência Lusa, a banca cabo-verdiana somou lucros históricos de 3.312 milhões de escudos (30,2 milhões de euros) em 2019, com praticamente todas as instituições a reconhecerem resultados recorde e nenhuma com prejuízos, contrariamente a 2018.

Metade dos lucros da banca cabo-verdiana em 2019, que fechou o ano com um recorde de 1.333 trabalhadores, estão concentrados em dois bancos da Caixa Geral de Depósitos (CGD), casos do Banco Comercial do Atlântico (BCA), que o grupo português pretende vender, e do Banco Interatlântico.

O Banco de Cabo Verde avançou em março de 2020 com um conjunto de decisões para reforçar a liquidez e solidez do sistema financeiro do arquipélago, antevendo os efeitos da pandemia de covid-19 e avançando com um regime de moratórias no pagamento de crédito.

“A contribuição de todos é fundamental, pelo que, para fazer face aos impactos e eventuais perdas futuras os bancos deverão reforçar os fundos próprios através da não distribuição de dividendos relativamente aos resultados de 2019”, lê-se na nota divulgada em março de 2020 pelo banco central.

Os lucros da banca em 2019 foram liderados pelo BCA, com um resultado líquido de 1.170 milhões de escudos (10,6 milhões de euros), sendo este, segundo a administração, o melhor registo em 27 anos de história do banco.

Através do Banco Interatlântico, que detém igualmente em Cabo Verde, a CGD controla 52,65% do BCA, ao que se soma uma participação própria de 6,76%. O Instituto Nacional da Previdência Social de Cabo Verde detém uma participação de 12,54% no BCA.

A Caixa Económica, o outro dos dois grandes bancos de Cabo Verde, registou um lucro histórico de 940,8 milhões de escudos (8,5 milhões de euros), igualmente um aumento recorde de 98,55% face a 2018, sem distribuição de dividendos.

O banco é detido maioritariamente pelo Estado cabo-verdiano, através de uma participação direta no capital social, detida pelo Ministério das Finanças, de 27,44%, mas também pelo Instituto Nacional de Previdência Social, com uma quota de 47,21%, e pela empresa pública Correios de Cabo Verde, com uma participação de 15,14%.

Já os lucros do BI praticamente triplicaram em 2019, face ao ano anterior, para 477,3 milhões de escudos (4,3 milhões de euros), o melhor resultado desde a sua criação, segundo a administração, que tal como todos os outros bancos decidiu aplicar a totalidade dos resultados em reservas.

“Com as medidas já aprovadas pelo supervisor e aplicando nos fundos próprios a totalidade do resultado de 2019, o banco estará mais bem preparado para resistir aos efeitos adversos da crise já iniciada”, lê-se na mensagem da administração no relatório e contas.

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