O Governo abriu concurso para construir e colocar em funcionamento até Junho de 2025 centrais solares em quatro ilhas, totalizando quase 3,5 MegaWatts (MW), projecto cofinanciado pelo Banco Mundial.
De acordo com o edital do concurso lançado pela Unidade de Gestão de Projectos Especiais (UGPE) do Governo, citado hoje pela Lusa, em causa está a construção e exploração de parques solares nas ilhas do Fogo (1,3 MW), Santo Antão (1,2 MW), São Nicolau (0,4 MW) e Maio (0,4 MW).
O concurso – com prazo para apresentação de propostas até 30 de Março – prevê a escolha das empresas vencedoras até Maio próximo, o início da construção das centrais até Agosto e o comissionamento das mesmas em Junho de 2025.
Este projecto foi apresentado publicamente, na Praia, em 28 de Março de 2022, prevendo a instalação dessas centrais solares em quatro ilhas, num investimento global de 16,5 milhões de dólares (15,5 milhões de euros) cofinanciado pelo Banco Mundial.
O Projecto de Energia Renovável e Melhoria da Eficiência Energética nos Serviços Públicos prevê, na componente relativa ao serviço de electricidade renovável e eficiente, avaliada em 12,5 milhões de dólares (11,7 milhões de euros), a construção de centrais solares fotovoltaicas nas ilhas de Santo Antão, Porto Novo (1,2 MW), São Nicolau, Ribeira Brava (0,4 MW), Maio, Barreiro (0,4 MW) e Fogo, Santa Catarina (1,3 MW).
De acordo com a apresentação do projecto feita então pelo Governo, após a construção das centrais fotovoltaicas, o executivo pretende “adjudicar a sua exploração a privados”. Envolve ainda a construção das infraestruturas de interligação dessas centrais à rede pública, bem como a instalação de baterias para garantir o armazenamento da energia produzida, enquanto “projecto-piloto”.
De acordo com o ministro da Energia, Alexandre Monteiro, além destas quatro centrais, há mais cinco processos de produção de energia renovável, solar e eólica, em curso, aos quais concorreram “mais de 20 empresas”, num processo que, disse, tem sido condicionado pela pandemia de covid-19 na sua execução.
Ainda assim, garantiu que estes projectos vão permitir a Cabo Verde atingir as metas de produção de energia através de fontes renováveis, face à actual dependência dos combustíveis fosseis, que alimentam mais de 80% da electricidade produzida nas centrais do país, afectada pela escalada do preço dos produtos petrolíferos no mercado internacional.
“É um projecto muito importante para apoiar o país na execução do seu programa de transição energética”, disse o ministro, sublinhando também a componente “muito forte” ao nível da “reforma e reorganização” do mercado energético em Cabo Verde com este projecto, cofinanciado pelo grupo Banco Mundial e pelo Estado cabo-verdiano, entre outros parceiros.
O plano aprovado pelo Governo prevê a meta de 30% de produção de electricidade através de fontes renováveis até 2025 e mais de 50% até 2030.
O projecto pretende também “melhorar a performance do sector eléctrico em Cabo Verde”, alavancando para o efeito o financiamento privado e prevendo o apoio à reestruturação e privatização da empresa pública de produção de electricidade Electra, prevista para este ano.
“Cabo Verde iniciou o seu programa de transição energética antes da pandemia. As crises acabam por demonstrar que o país está no caminho certo, que é caminhar para um sector energético progressivamente menos dependente dos combustíveis fósseis”, disse ainda o ministro da Energia.
Totalmente dependente da importação de combustíveis fósseis e sem capacidade de refinação no país, o Banco Mundial refere que Cabo Verde é dos países com as mais elevadas tarifas eléctricas na África subsaariana, que sofreram um aumento médio de cerca de 30% em Outubro, mas o Governo prevê que com o progressivo aumento da capacidade instalada de energias renováveis os preços ao consumidor venham a cair.
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