Portugal: PJ receia que faca de Odair Moniz foi colocada para justificar disparos da PSP
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Portugal: PJ receia que faca de Odair Moniz foi colocada para justificar disparos da PSP

A Polícia Judiciária (PJ) portuguesa suspeita que a faca que foi dito que o cabo-verdiano Odair Moniz tinha na mão quando foi baleado foi “plantada no chão”, assim como o auto de notícia poderá ter sido adulterado.

De acordo com a estação televisiva CNN Portugal, a faca estava numa bolsa no carro de Odair Moniz quando foi baleado mortalmente por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) na madrugada de 21 de Outubro, no Bairro da Cova da Moura, município da Amadora, e não na mão do malogrado que terá alegadamente ameaçado os agentes.

A PJ quer provar que Odair Moniz trazia uma faca numa mala com fecho presa em torno da cintura, já que não há imagens que o mostrem a empunhar a arma branca, como foi descrito no comunicado da PSP, sendo que a faca foi encontrada no chão onde possivelmente foi plantada para justificar os disparados do agente da PSP.

Quando foi interrogado pela PJ na noite do incidente, o agente que fez os disparos terá reconhecido que Odair Moniz, de facto, não chegou a empunhar a faca, nem a tentar agredir os dois polícias com a arma branca.

Outro detalhe que a PJ está a investigar, conforme a investigação do canal televisivo português, é o facto de a PSP ter falsificado o auto de notícia da morte de Odair Moniz, que não foi escrito pelo agente que disparou, visto que à hora em que foi escrito, o polícia em causa estava a ser interrogado pela PJ e não estava na divisão da PSP, na Amadora

O agente, que é arguido pelo crime de homicídio simples, foi interrogado pela procuradora Patrícia Agostinho na quarta-feira, 11, mas ficou em silêncio. 

Quando foi inicialmente ouvido pela PJ logo após a morte de Odair Moniz, não tinha advogado e não havia um magistrado na sala, o que faz com que as suas declarações não possam ser usadas como prova em julgamento.

Também na quarta-feira, dois jovens detidos na segunda-feira por suspeitas de envolvimento nos tumultos ocorridos na Área Metropolitana de Lisboa (AML), após a morte de Odair Moniz, ficaram em prisão preventiva, depois de terem sido presentes a primeiro interrogatório judicial.

A morte de Odair Moniz, 43 anos, residente no bairro do Zambujal, também, concelho de Amadora, desencadeou incidentes em várias comunidades da Área Metropolitana de Lisboa, com incêndios de automóveis, contentores de lixo e vários autocarros, sendo que um feriu gravemente o motorista, tendo as autoridades aberto inquéritos, cujas conclusões, até ao momento, ainda não são conhecidas.

Na sequência, também o Movimento Vida Justa convocou uma manifestação em Lisboa, “Sem justiça não há paz” que levou milhares à Avenida da Liberdade, em Lisboa, para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz.

O Vida Justa, desde o início, contestou a versão da polícia, exigindo uma comissão independente para investigar o ocorrido, assim como o SOS Racismo que condenou a morte na Cova da Moura e criticou a PSP, afirmando que “Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública”.

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