Polémica: Bispo do Mindelo 'ataca' a "ideologia de género no ensino"
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Polémica: Bispo do Mindelo 'ataca' a "ideologia de género no ensino"

D. Ildo Fortes vê a "ideologia de género no ensino" como uma das "ameaças graves que pairam sobre as famílias", chegando ao ponto de afirmar, na Carta Pastoral para 2018/2019, que é "uma maldade" ensinar a ideologia de género às crianças e que há uma "praga do aborto" e "sinais preocupantes de degradação dos valores fundamentais".

Carta Pastoral que Dom Ildo Fortes, bispo de Mindelo, já publicou, referente ao periodo 2018/2019 - e que começa a vigorar em Outubro - traz posições polémicas do prelado de Barlavento sobre a sociedade cabo-verdiana, que, a seu ver, estará a degradar-se a cada dia por causa da "ideologia de género".  

Tanto que o documento da Diocese do Mindelo coloca todo o enfoque na Família, Juventude e Educação. “A família constitui, na visão da Igreja, um dos pilares fundamentais da sociedade, um dos bens mais preciosos da humanidade’”, pontua Dom Ildo Fortes, antes de considerar que “na sociedade cabo-verdiana esta realidade atravessa uma profunda crise e, não será ousado dizer que, de certo modo, ela está enferma”.

“Entre as ameaças graves que pairam sobre a família, está a ideologia de género que, desgraçadamente, se está a pensar introduzir no nosso sistema de ensino”, Lê-se na Carta de D. Ildo Fortes, para quem, além de ser “estranha à nossa cultura” e “contrária ao pensamento e à sensibilidade da nossa gente”, está-se diante daquilo a que o Papa Francisco chamou de “demoníaco e diz que é maldade ensinar a ideologia de género às crianças”.

O Bispo do Mindelo vai ainda mais longe e afirma que “não faltam sinais de degradação preocupantes de alguns valores fundamentais”, como por exemplo “uma errada concepção teórica e prática da independência dos cônjuges entre si, as graves ambiguidades acerca da relação de autoridade entre pais e filhos, as dificuldades concretas, que a família muitas vezes experimenta na transmissão dos valores”, entre outras “sombras” que afectam a família.

Neste aspecto realçou o “número crescente dos divórcios, “a praga do aborto”, o recurso cada vez mais frequente à esterilização, a instauração de uma verdadeira e própria mentalidade contraceptiva.

Com a Carta Pastoral divulgada esta sexta-feira (o documento foi escrito desde o dia 15 de Setembro, a partir da ilha do Sal), o bispo do Mindelo, segundo revela o jornal Terra Nova, dá início a um novo triénio pastoral que terá, sucessivamente, como ponto focal a família, a juventude e a educação, razão porque pede a todas as comunidades paroquiais que “aceitem o desafio de ajudar a emergir no seu seio, famílias cristãs sólidas, imbuídas do espírito evangélico e de valores humanos, capaz de edificar a sociedade em qualquer lugar” tendo em conta que, para este ano, o foco é na família.

A posição do prelado não deixa de ser polémica, sobretudo quando, com base nesta Carta Paqstoral, a Igreja Católica acaba por se posicionar contra muitos princípios internacionais assumidos por Cabo Verde e os ganhos conseguidos pelo país no combate à discriminação e equidade de género.

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