Instrumentos de gestão do município de Santa Catarina do Fogo para 2022 chumbados pela segunda vez
Política

Instrumentos de gestão do município de Santa Catarina do Fogo para 2022 chumbados pela segunda vez

Os instrumentos de gestão, plano de actividades e orçamento, do município de Santa Catarina do Fogo para o ano económico de 2022, foram chumbados hoje, pela segunda vez, com votos contras do PAICV e de um eleito do MpD.

O orçamento, no valor de 230 mil contos, previa um valor de 153 mil contos para o investimento ao longo do ano, mas com o chumbo, a autarquia fica assim obrigada a funcionar em regime de duodécimo até final do ano.

No passado mês de Dezembro, os eleitos do PAICV (seis) e mais um eleito do MpD, Francisco Alves, votaram contra os dois instrumentos de gestão, cenário que voltou a acontecer hoje, depois de mais de seis horas de debate dos mesmos.

Para o presidente da Câmara de Santa Catarina do Fogo, Alberto Nunes, o chumbo dos instrumentos de gestão pela oposição (PAICV) e por um elemento da bancada do MpD não tem nada a ver com a qualidade dos instrumentos (plano de actividades e orçamento), porque, explicou, ficou claro que não entendam do orçamento por serem “indivíduos, às vezes, com pouco nível de escolaridade e o orçamento é de patamar superior ao nível deles”.

No debate, quer na sessão de Dezembro de 2021 quer na sessão de hoje, advogou Alberto Nunes, ficou ainda claro que o chumbo é o preço que o município de Santa Catarina está a pagar, como consequência de as listas para as assembleias constarem indivíduos amantes do partido.

Nos dois debates, prosseguiu o autarca, ficou visível que há déficit para entender os instrumentos de gestão, já que todas as dúvidas colocadas na sessão anterior, como na de hoje, foram esclarecidas.

No dizer do mesmo, a câmara fez um esforço enorme para apresentar um orçamento e plano de actividades de acordo com a época que se está a viver e “este é um voto de maldade, principalmente do elemento da bancada do MpD”, referiu Alberto Nunes, sublinhando que o mesmo veio da América propositadamente para votar contra.

O eleito, que votou contra na sessão de Dezembro e voltou a fazê-lo agora desempenhou funções durante vários anos no gabinete do presidente, mas, segundo o edil, “como foi mal assessorado”, exigiu o direito ao subsídio de reintegração, quando apenas tinha direito a indemnização.

“É uma motivação pessoal do indivíduo que quer assaltar o cofre do município e não permitimos”, disse Alberto Nunes, para quem “é muito feio o discurso da lealdade e de colocar o município em primeiro lugar e na prática chumbar os instrumentos”, sublinhando que o eleito sempre teve problemas com o próprio e com os vereadores e que “toda a sua atitude é de PAICV”

“O discurso do PAICV é falso, contra o desenvolvimento do município e apenas lutam para o poder”, disse o autarca, observando que aproveitaram do descontentamento do eleito que este partido infiltrou na bancada do MpD para chumbar os instrumentos.

O município vai funcionar com o regime de duodécimo até o final do ano, mas assegurou que o desenvolvimento de Santa Catarina, que está “incomodando o PAICV”, não vai parar.

A bancada do MpD, através do líder, Michel Andrade, disse que o grupo votou a favor dos instrumentos por entender que podiam trazer o desenvolvimento de Santa Catarina, mas também porque abrangem todos os sectores-chave e todas as áreas de serviço e as localidades, lembrando que foram eleitos para defender o interesse do município.

Já para o líder da bancada do PAICV, João Francisco Monteiro, o chumbo tem a ver com as mesmas questões que levaram a bancada a votar contra na sessão anterior, e que tem a ver com algumas irregularidades processuais, já que os dois instrumentos foram “apresentados fora do prazo, não respeitam a lei das finanças municipais e porque o orçamento tinha graves gralhas de números e valores”.

“A câmara devia aproveitar o tempo e acatar todas as recomendações dos eleitos locais para elaborar um plano e orçamento em condições, mas isso não aconteceu”, disse João Francisco, sublinhando que sempre nos debates, solicitaram a apresentação de um cronograma e ficha de projectos, sobretudo de grandes investimentos, reivindicações que não foram atendidas como os novos instrumentos apresentados.

“Está a acontecer um novo ciclo de debate político em que sem colocar os partidos à frente, os eleitos colocam interesses do município em primeiro lugar”, concluiu o líder do PAICV.

O eleito do MpD, Francisco Alves, justificou o voto contra pela persistência de alguns erros no plano e no orçamento, e o não esclarecimento de algumas rubricas como recomenda a lei das finanças.

Este confessou no final da sessão de hoje que depois do chumbo de Dezembro, esperava que para esta sessão a câmara procederia alterações profundas para que os instrumentos pudessem ser analisados como “instrumentos verdadeiramente e de forma mais séria”, com muitas correções das rubricas, de forma clara e especificada em termos de valores, acompanhado de fichas de projectos, demonstrando assim um “maior comprometimento com o município neste momento”.

“Estamos numa fase em que temos de mostrar alguma evolução, aceitar as correções a bem do município se o que interessa realmente é o desenvolvimento do município”, disse Francisco Alves, para quem “tudo aquilo que foi abordado na primeira sessão devia estar registada e não apenas a alteração de uma rubrica de requalificação urbana”, o que demonstra que a câmara não levou “muito a sério as recomendações”.

Para o mesmo, o chumbo dos instrumentos significa que politicamente a câmara deve refletir para melhorar a elaboração dos próximos instrumentos de gestão, lembrando que a responsabilidade do município não é só da câmara e dos eleitos com aprovação dos instrumentos de gestão.

“Não é no dia da aprovação, que com o discurso vamos dizer se o plano e orçamento são bons ou não. A governação está longe daquilo que foi no período 2016/20, em que todas as pessoas reconhecem que foi um período de grande desenvolvimento”, disse Francisco Alves, sublinhando que é necessário dar um passo e mostrar que se está a progredir e a acatar as sugestões dos eleitos de forma séria”.

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