O Governo desistiu de enviar Francisco Tavares, ex-presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, a Abuja, Nigéria, como embaixador, mesmo depois de o presidente da República ter aceite o seu nome. O ministro dos Negócios Estrangeiros diz que o Executivo optou agora por enviar um "diplomata de carreira experiente", afastando deste modo o ex-autarca.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Luís Filipe Tavares, anunciou esta quarta-feira, 6, que, por uma “questão de estratégia”, o embaixador para Abuja (Nigéria) vai ser um “diplomata de carreira e experiente”, recuando, assim, na nomeação de Francisco Tavares.
“Decidimos enviar para Abuja [na Nigéria] um diplomata experiente nas lides comerciais e negociações internacionais”, disse o chefe da diplomacia cabo-verdiana, justificando a decisão do Executivo, pelo facto de a dinâmica das negociações ter sido “muito forte” e, portanto, com “desenvolvimentos muito rápidos e permanentes”.
Para Luís Filipe Tavares, um outro motivo que está na mudança da decisão do Governo em relação ao diplomata a enviar para a Abuja, tem a ver com a necessidade de se ajustar a “estratégia política para a integração regional de Cabo Verde na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e, consequentemente, na grande zona de comercio continental, que entrou e vigor em Janeiro”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades fez essas considerações em conferência de imprensa, na Cidade da Praia.
Segundo ele, o Governo, ao optar por um diplomata de carreira para a capital nigeriana, fê-lo em ordem a “defender melhor” a condição de Cabo Verde, enquanto “pequeno país arquipelágico, insular e com um mercado muito reduzido”.
“Temos que ter muito cuidado nas negociações e a prudência recomenda uma mudança de estratégia para defendermos melhor os nossos interesses”, apontou o ministro que, apesar da insistência dos jornalistas, não avançou o nome do diplomata que vai para Abuja, alegando que o processo de acreditação está em curso, com o pedido de agreemment [consulta reservada feita por um governo a outro, para saber se o agente diplomático que o primeiro pretende acreditar junto desse outro é ou não do seu agrado e conveniência].
Instado se a mudança de posição do Governo vem dar razão àqueles que criticaram que a nomeação de Francisco Tavares para Abuja era de carácter político, Luís Filipe Tavares explicou que o que está em causa, neste momento, é uma “realidade dinâmica, económica e comercial completamente diferente” daquela que havia quando se fez a proposta para a referida nomeação.
Revelou, por outro lado, que o embaixador residente na capital guineense, Bissau, cujo processo de acreditação também está em curso, vai ser um diplomata de carreira.
Em entrevista recente à Inforpress, Luís Filipe Tavares garantiu que a diplomacia cabo-verdiana em direcção à África tem sido “muito forte”, com Cabo Verde, segundo ele, a participar em todas as reuniões da CEDEAO, assim como da União Africana (UA).
“A política africana do nosso Governo é forte e está a consolidar-se”, afirmou, acrescentando que muito brevemente o ministro para a Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, vai apresentar o estudo que apontará sobre a melhor forma de Cabo Verde se integrar na CEDEAO, através dos mecanismos existentes para o efeito, ou seja, o artigo 68º dos estatutos que refere a algumas especificidades para o arquipélago, tendo em conta que é um país insular.
“Queremos promover o investimento directo oeste africano no nosso País e nada melhor do que ter uma embaixada na capital da África Ocidental, que é a Nigéria”, concluiu.
Com Inforpress
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