O líder da bancada parlamentar do PAICV destacou hoje, na Praia, preocupação com o “tratamento desigual” dado aos cidadãos africanos nas fronteiras de Cabo Verde, apontando ainda a necessidade de aposta numa educação de qualidade no país.
Não é por acaso que vários quadros competentes da República se esquivam de expor ao pleito das disputas políticas em Cabo Verde, porque esse terreno tem-se tornando tóxico, de baixo nível de debates na diferença, intolerante para com os novos brilhos de estrelas que em cada disputa se despontam no horizonte das constelações crioulas, tornando a nossa democracia cada dia mais desprovida do sal da diferença e, por conseguinte, mais preocupante e menos pluralista, abrindo brechas para espaços do populismo fora da arena dos princípios de valores e participação consciente que o voto...
O mundo precisa de líderes que dão lutas sem tréguas a criação de uma classe privilegiada, dando lugar a existência de uma sociedade altamente desigual. Temos que defender a bandeira que põe cobro às desigualdades sociais e proporcione acesso universal aos serviços de: saúde, educação, segurança, justiça, emprego digno, habitação, inovação e tecnologia, infraestruturas de qualidade, mobilidade entre as ilhas no nosso caso, bens de primeira necessidade acessível, aposta na agricultura e pesca entre outras opções vitais para alavancar o desenvolvimento.
A deputada do PAICV Eveline Ramos acusou hoje o Governo de “engavetar o relatório do concurso” para a asfaltagem da estrada que liga Calheta a Tarrafal e de se “remeter ao silêncio”
Está tudo claro, como a água! Para a classe dominante, construída com o beneplácito dos partidos e às costas do Estado, tudo o que sai fora da bolha sistémica, de compadrios e desprezo pelos desvalidos da vida, é “populismo”. Quem sonhar com um país que seja porto de abrigo para todas e todos e um Estado que cuide e apoie os seus cidadãos, é, qual ferrete em brasa infligido na pele, necessariamente um “populista”.
O futuro de um país não se constrói com retalhos de ambição mal cosida. Cabo Verde merece mais e o PAICV também. Mas, para isso, alguém terá de desligar o megafone, calar o orgulho e fortalecer os alicerces antes que a casa desabe de vez… e os inquilinos se mudem para a casa do vizinho da ventoinha.
É importante notar que o orçamento da UniCV, UTA e FICASE juntos perfazem um total de dois milhões e setecentos mil escudos, o que representa quase metade do que o governo atualmente gasta com estudos e consultorias. A gratuidade do ensino superior não é utopia: países como Alemanha, Noruega, República Tcheca, Finlândia, Brasil, Uruguai, Argentina e Egito já a implementaram – inclusive para estrangeiros, em alguns casos. Em Cabo Verde, trata-se de uma escolha política. O que falta não é viabilidade financeira, mas coragem para priorizar a educação como alicerce do...