PAICV acusa Governo de tomar decisões erradas com consequências negativas para os cabo-verdianos
Política

PAICV acusa Governo de tomar decisões erradas com consequências negativas para os cabo-verdianos

A deputada do PAICV Janira Hopffer Almada acusou hoje o Governo de, em nove anos de governação, tomar “várias decisões erradas em todas as áreas e com consequências negativas” para os cabo-verdianos e desenvolvimento do país.

A deputada do PAICV fez essas acusações quando intervinha no debate parlamentar sobre o presente e o futuro da economia cabo-verdiana, estratégias de crescimento sustentável e inovação, proposto pelo MpD.

Criticou o Governo de não criar condições para melhorar o sector da saúde e de utilizar as secas, guerra na Ucrânia e a pandemia da covid-19 para se desresponsabilizar e não cumprir as promessas eleitorais.

“Todos nos recordamos da sua promessa de 45 mil empregos dignos e a promessa de bolsas nas melhores universidades do mundo para os jovens cabo-verdianos. Mas hoje é o senhor que defende que vender donetes, transformar pneus e transformar lixo é empreendedorismo”, censurou.

Para a deputada do maior partido da oposição, a ausência de políticas e medidas assertivas do Governo para gerar mais empregos tem levado muitos jovens a saírem do país por falta de oportunidade e esperança.

“O povo também se lembra que o senhor prometeu que Cabo Verde tem solução nos transportes, no emprego, na redução da pobreza e no aumento da renda média dos cabo-verdianos. Quisemos vir para este debate e ver que sector estaria bem depois de nove anos, pois não é normal que um Governo não consiga acertar em nenhuma área, mas confessamos que tivemos dificuldades”, declarou.

De economia, passando pela área social e chegando à área institucional, segundo Janira Hopffer Almada, “não há  infelizmente um único setor nesta governação que se possa fazer uma avaliação positiva”.

“E a crescer esse vazio de visão, de medidas e de políticas, este Governo ainda infelizmente é azarado. Veja-se o que aconteceu na dita inauguração do terminal de cruzeiros em São Vicente, em que a embarcação fugiu da encenação montada”, apontou.

Frisou que não é possível transformar um país e levá-lo ao desenvolvimento sem uma visão estratégica e sem construir infraestruturas de nível internacional.

Para o PAICV, prosseguiu, em nove anos de governação não se conseguiu enfrentar o desafio da energia, vencer o desafio da mobilização de água, acrescentando que o actual Governo não conseguiu unificar o país com transportes eficientes.

“Apesar de o Governo atirar todas as culpas para a covid-19, é evidente que a situação já era má antes da pandemia, tendo-se tornado depois dela desastrosa. A realidade é que este governo tomou uma série de decisões erradas”, disse

Acusou o Governo de fazer maus negócios e que ao invés de enfrentar as questões e desenvolver o que encontrou quando assumiu o poder em 2016, decidiu terceirizar as suas responsabilidades.

“Agora, ao fim de nove anos, estamos a pagar por mais serviços, por serviços piores, seja em qualidade, seja em disponibilidade”, frisou, considerando que nao se pode ter resultados quando a opção é desmantelar o que se encontrou sem se construir as bases para um novo arranque.

A deputada acusou ainda o Governo de nunca se ter preocupado em promover uma mudança estrutural e o crescimento de novos sectores industriais e de serviços, "tendo-se limitado a copiar, e mal, uma parte da agenda de transformação do PAICV” no discurso.

“E aqui é preciso perguntar aos cabo-verdianos que tipo de crescimento económico interessa a Cabo Verde. Não será, com certeza, um crescimento econômico em que a riqueza fique concentrada num pequeno grupo perto do poder, enquanto o povo enfrenta dificuldades e até a insegurança alimentar”, apontou.

Para Janira Hopffer Almada, os agricultores, doentes, pescadores, empresários, jovens e as famílias cabo-verdiana não têm sentido o impacto do crescimento do país a 7%, conforme os dados, desafiando o primeiro-ministro de falar a verdade aos cabo-verdianos sobre o crescimento económico do país.

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Comentários

  • Casimiro centeio, 25 de Jun de 2025

    Penso que nem é correto dizer "governo de Ulisses", já que não governa nada.
    O Mpd de Ulisses é o rabo sendo balançado pelo cachorro colonial cuja cabeça está nas metrópoles estrangeiras. Nunca serviu os interesses nacionais.
    O sector dos transportes é, acima de tudo, entre outros, um exemplo factual

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  • Zé P., 25 de Jun de 2025

    Umas das linhas de ataque da situação foi a questão de supostas milícias digitais e uma ênfase de que estariam supostamente a ser pagos pelo dinheiro público, isso é grave, vindo do PM, espero que tenham provas e denunciem esses tipos de ação seja quem estiver a fazer isso caso for verdade, agora, também fica a questão em relação à essas mesmas milícias que apoiam o governo e a situação, são também pagos?

    • Zé P., 25 de Jun de 2025

      Agora falando de estratégias políticas mais sutis, o MpD, e Ulisses aparentam andar a estudar dar sinais de querer se aliar novamente a uma suposta ala mais moderada do PAICV, mencionou em algum momento a ideia que o novo movimento do PAICV é apenas apoiado por uma parte "mais extremista" do PAICV, mencionou Pedro Pires como figura relevante no momento em que mencionava as supostas milícias, me parece um aceno de Ulisses em tentar alguma simpatia com essa ala. Resta saber se acenam de volta.
    • Zé P., 25 de Jun de 2025

      Agora é preciso lembrar que quando o MpD fala de "extremismo", e "voltar ao passado", fala justamente do período de governação em que o próprio Pedro Pires era Primeiro Ministro, portanto algo a ter em mente quando Ulisses acena para vós, faz um sinal mencionando "Pedro Pires".
    • Zé P., 25 de Jun de 2025

      Agora vou dar um conselho político geral, rotulação de coisas como "populismo" ou "extremismo" apenas, não resolve nenhum problema, e não resolveu em nenhum lugar, porque simplesmente não têm a carga discursiva que imaginam ter na população em geral, é só falar com as pessoas no dia a dia para perceberem isso, e é algo que podemos verificar não somente em CV como outros países idem. Portanto discutam políticas com justificativas claras de suas posições.
    • Zé P., 25 de Jun de 2025

      Para concluir o MpD têm um problema sério de não reconhecer a sua idade governativa neste momento, e o evidente desgaste. Primeiro 10 anos depois de terem entrado com "todas as contas feitas", dizem que não cumpriram porque o PAICV deveria ter cumprido antes para hoje estarmos mais longe, portanto deixem o PAICV governar se 10 anos depois é o PAICV que teria de ter resolvido tudo, apesar de terem entrado com "contas feitas".
    • Zé P., 25 de Jun de 2025

      Segundo, o desgaste é visível no próprio Primeiro Ministro, tanto que a Sra deputada Isa Costa teve que repetir duas vezes que o PM têm energia (clássica estratégia de negação), portanto notam claramente que isso pode ser um problema, e aposto que tentarão nas imagens de marketing melhorar a imagem do mesmo, dando alguma rejuvenescida. E achei curioso e até engraçado a ideia perto do final, do PM, que agora é que vai se começar a governar.
    • Zé P., 25 de Jun de 2025

      Enfim, em alguns momentos aparenta que o PM já iniciou os ataques ao novo líder, espero para ver qual será a resposta na medida em que o mesmo prepara-se para tomar de fato a liderança do partido. A batalha por 2026 já iniciou a um bom tempo, e apenas fica mais evidente agora, portanto que vença quem tiver mais capacidade de levar o país mais longe e de forma mais resiliente mobilizando todas as forças em prol da nação.

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  • Di de Brava, 25 de Jun de 2025

    Esta senhora, assim que os ventos lhe parecem de feição, assoma à boca da cena ou ocupa o palco. Ela pode vir a ser a desgraça do Francisco Carvalho em 2026. Espero estar enganado.

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