É o “populismo”, idiotas...
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É o “populismo”, idiotas...

Está tudo claro, como a água! Para a classe dominante, construída com o beneplácito dos partidos e às costas do Estado, tudo o que sai fora da bolha sistémica, de compadrios e desprezo pelos desvalidos da vida, é “populismo”. Quem sonhar com um país que seja porto de abrigo para todas e todos e um Estado que cuide e apoie os seus cidadãos, é, qual ferrete em brasa infligido na pele, necessariamente um “populista”.

Para se falar e não dizer coisa nenhuma basta criar-se um anátema, colar uma imagem ao outro para suscitar medo e alarde. É uma velha receita demagógica que, embora de tanto usada, já não provoca o efeito pretendido. E eles sabem-no! Por isso, estão tão desesperados.

Francisco Carvalho defende saúde gratuita e universal, como aliás é imperativo constitucional, e é populismo.

O mesmo Francisco defende transportes interilhas a preços baixos, eficazes e seguros, em linha com o direito constitucional de ir e vir, e é populismo.

Francisco Carvalho, ainda, defende o ensino gratuito e para todos e como garante de progresso e desenvolvimento, e é populismo.

Está tudo claro como a água! Para a classe dominante, construída com o beneplácito dos partidos e às costas do Estado, tudo o que sai fora da bolha sistémica, de compadrios e desprezo pelos desvalidos da vida, é “populismo”.

Quem sonhar com um país que seja porto de abrigo para todas e todos e um Estado que cuide e apoie os seus cidadãos, é, qual ferrete em brasa infligido na pele, necessariamente um “populista”.

O populismo reverso                          

Por oposição aos “populistas”, marcar uma a uma as propostas sérias de um candidato à liderança do PAICV e à governação e condução de um país inteiro, é uma espécie de populismo reverso mascarado de “visão estratégica”.

A um ano das eleições legislativas, vir anunciar a contratação de médicos cubanos, sem data marcada, para atender ao precário serviço do nosso sistema de saúde, não é populismo.

Anunciar a compra de um barco para as viagens interilhas, quando já haviam anunciado (corriam os tempos de Korpu Rixu à frente do Ministério do Mar) a aquisição de quatro nunca concretizada, não é populismo.

Prometer o apoio do Estado ao pagamento de bolsas no ensino superior, também não é populismo.

Entre o “populismo” de uns e o (real e efectivo) populismo de um partido e de um governo com prazo de validade registado, vai uma diferença substantiva. É a diferença entre um projeto de desenvolvimento nacional progressista e a velha retórica dos vendedores de ilusões e mercadores de consciências.

É evidente que haverá sempre um universo de idiotas, desprovidos de neurónios e de amor à pátria, a acreditar piamente em promessas e ilusões, infelizmente. Mas, felizmente, cada vez mais são uma pequena minoria!

A classe dominante finge não perceber que as coisas estão a mudar. Daqui para a frente nada será como antes, e a solução, a única que resta, é adaptar-se aos novos tempos, mesmo que seja apenas para adiar o fim. Aqui faço uma paragem para lembar aquele "ensino" da Bíblia Sagrada, segundo o qual “melhor é o fim das coisas do que o começo”. Está claro que a classe dominante está a terminar mal. Muito mal!

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SOBRE O AUTOR

Domingos Cardoso

Editor, jornalista, cronista, colunista de Santiago Magazine