O resultado das eleições autárquicas de 01/12/2024 está muito associado ao nível de perda de confiança apurada no PM, UCS: o MpD elegeu 31,8% das Câmaras Municipais (7 em 22) e a confiança no UCS era de 31% (levantamento apurado em agosto de 2024); Os rabentolas caminham para as próximas eleições legislativas de 2026 com o desempenho do governo muito negativo, incapacidade de resolução dos principais problemas da população e um elevado nível de descontentamento popular.
O histórico dos dados dos resultados eleitorais legislativos no período democrático em Cabo Verde aponta a ocorrência de três alternâncias políticas: 1991, 2001 e 2016 e uma tendência declinante de preferência dos eleitores para votarem no partido ventoinha nesse período partindo de 45% de eleitores que afirmavam que preferiam votar nesse partido para uma projeção de apenas 12%, em 2026, segundo dados apurados dos levantamentos dos B.O. e do afrobarometer.
A probabilidade da ocorrência de alternância política nas próximas eleições legislativas de 2026 é elevada considerando vários fatores conjunturais e estruturais:
1. A preferência partidária pelo MpD despencou drásticamente ao longo da série histórica e o desastre eleitoral autárquico do ano passado reflete empiricamente essa evidência;
2. A avaliação negativa do desempenho do governo do MpD no período 2016 a 2026 está evidenciado na perda de votos da eleição de 2016 para 2021, na derrota do candidato às eleições presidenciais apoiado por esse partido em 2021 e no resultado muito negativo das eleições municipais de 2024;
3. A transição autárquica ocorrida no ano passado em que os rabentolas, pela primeira vez, deixaram de ser o partido hegemónico nas eleições municipais reduziram a capacidade influenciadora desse partido na realização de políticas públicas;
4. A maioria das principais promessas eleitorais mpdistas não foram cumpridas e não se perspectiva seu cumprimento até ao final da legislatura, por exemplo, o crescimento económico médio de 7%, ao ano, a criação de 45.000 postos de trabalho e a redução da criminalidade e violência;
5. Fatores conjunturais também não são favoráveis ao Primeiro Ministro Ulisses Correia e Silva: a persistência elevada das taxas de inflação, o desemprego, o descontentamento laboral de várias classes profissionais com o Governo, incapacidade de oferta de serviço de saúde nas condições desejadas pelos utentes, problemas nos modais de transportes aéreo e marítimo, descompasso entre as prioridades governamentais e as necessidades dos eleitores que apontam o aumento do número das pessoas para mais de 65% dos que consideram que o Governo segue no caminho errado;
6. Faz sentido ser “mais transparente” com a publicação de contas públicas em B.O. se a gestão pública é péssima com ajustes diretos, derrapagens, gastos sem impactos sociais?
7. Após quase dez anos de legislatura e rios de dinheiro gasto nos dois níveis de governo o resultado foi o aumento da dívida pública, descontentamento popular e desespero da camada jovem em fuga para as incertezas do estrangeiro;
8. Para piorar a situação, os últimos dados do indicador de confiança no PM, UCS, apontavam o nível de confiança mais baixo de toda a série histórica avaliativa dos PMs: apenas 31% dos eleitores assinalaram que confiavam no chefe do executivo no ano passado;
9. O resultado das eleições autárquicas de 01/12/2024 está muito associado ao nível de perda de confiança apurada no PM, UCS: o MpD elegeu 31,8% das Câmaras Municipais (7 em 22) e a confiança no UCS era de 31% (levantamento apurado em agosto de 2024);
10. Os rabentolas caminham para as próximas eleições legislativas de 2026 com o desempenho do governo muito negativo, incapacidade de resolução dos principais problemas da população e um elevado nível de descontentamento popular.
Os eleitores já assinalaram a sua preferência pela mudança política para a oposição nas eleições presidenciais de 2021 e nas autárquicas de 2024, agora, faltará completar o circuito da alternância política nas eleições legislativas de 2026 com a escolha de um novo PM.
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