Hoje, a humanidade tem plena consciência dos efeitos e do estado do ambiente a nível planetário. Por isso, os investimentos na educação, no diálogo e na diplomacia para a redução industrial pesada de gases com efeitos de estufa são importantes, permanentes e insistentes, com temáticas e abordagens para a restituição de danos ambientais e o equilíbrio das consequências, para a recuperação dos ecossistemas e salvamento das espécies. Cabo Verde está na rota de muitas espécies migrantes, quer aves, quer cetáceos ou tunídeos, mas, também, o próprio homem migrante. Aqui reside nossa responsabilidade em não deixar falhar nosso delicado ecossistema.
Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU), através da resolução XXVII de 15 de Setembro, abriu a Conferência de Estocolmo, na Suécia, com uma matéria que viria a mudar o calendário internacional das datas importantes. A partir de 1972, as nações passaram a subscrever em suas agendas nacionais o assinalar de mais uma efeméride, o Dia Mundial do Meio Ambiente, a 5 de Junho.
Em Cabo Verde, as informações dizem que começamos em 1974 a assinalar a data, no entanto, fica a questão a clarificar, pois, se a ONU foi pioneira em celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente nas ilhas, e esta organização chegou a Cabo Verde com a independência nacional, dizíamos, a discussão sobre a data de 1974, como ano um da comemoração, precisa ser aprofundada e esclarecida.
O certo é que Cabo Verde é um país feliz e, dentro das limitações e condições, vamo-nos saindo bem no cumprimento dos compromissos internacionais e dos protocolos em relação ao ambiente e à biodiversidade, o que tem sido um pilar de destaque. Basta ver o volume de financiamento internacional que beneficia nossas comunidades, quer através do Estado, quer por via das ONG's nacionais.
Estocolmo, pode ser apelidada de "cidade do ambiente", pois, também é na terra de Olof Palm, um bom amigo de Cabo Verde, que as nações se voltam a reunir para debater os poluentes persistentes, ou seja, elementos de difícil deterioração natural e que, pelo seu grau de toxicidade ou composição química, ambientalmente forte, acaba por agravar a vida das espécies, quer nas águas, no ar e nos solos. Cabo Verde, novamente, em 2010, realiza a o primeiro atelier de avaliação ambiental com os poluentes persistentes no centro do debate e com resultados positivos para selar o pacto com o país e com o país e o mundo com o Livro Branco sobre o ambiente. Aqui um merecido aplauso aos técnicos dos serviços do ambiente de Cabo Verde.
Se o calendário marca o 5 de Junho para a comemoração refletiva sobre o meio ambiente, a questão de base é: Quem é o beneficiário dos investimentos?
O homem e a humanidade, sem dúvida.
O Papa Francisco, em sua reflexão na encíclica 'Laudato Si’, faz uma chamada à responsabilidade coletiva na preservação do planeta. O texto critica os impactos ambientais e sociais provocados por um sistema económico marcado pelo consumo desenfreado, descarte e exploração dos recursos naturais.
Hoje, a humanidade tem plena consciência dos efeitos e do estado do ambiente a nível planetário. Por isso, os investimentos na educação, no diálogo e na diplomacia para a redução industrial pesada de gases com efeitos de estufa são importantes, permanentes e insistentes, com temáticas e abordagens para a restituição de danos ambientais e o equilíbrio das consequências, para a recuperação dos ecossistemas e salvamento das espécies.
Cabo Verde está na rota de muitas espécies migrantes, quer aves, quer cetáceos ou tunídeos, mas, também, o próprio homem migrante. Aqui reside nossa responsabilidade em não deixar falhar nosso delicado ecossistema.
Minha sugestão, neste 5 de Junho, é sobre nossas águas, cujas espécies estão a ser violentamente (passe a expressão) flageladas pela poderosa indústria pesqueira internacional, no quadro dos acordos de pescas. Saudamos com respeito diplomático e universal a cooperação internacional, cientes de que todos temos a consciência científica da complexidade e importância que cada elemento natural exerce no sistema global e, em especial, dentro de cada habitat natural.
Por isso, um programa de redução, séria e efetiva, dos volumes de pesca a introduzir "para já", é medida urgente a colocar sobre a mesa de negociação e discussão. Cientes de que o último acordo de pesca com a UE é recente, os Estados devem encontrar saídas diplomáticas e técnicas para compensar, mesmo que a longo prazo, os efeitos económicos que as alterações ao contrato actual possa apresentar.
Da mesma forma que a UE congrega 27 Estados para este acordo, porque não também Cabo Verde se associar a países da nossa sub-região, com os quais temos excelentes relações diplomáticas e históricas e partilhamos águas internacionais, com grande capacidade de efetivo pesqueiro. Precisamos trabalhar um processo de cooperação e redução dos esforços de pesca de tunídeos, controlo da pesca não identificada e regulamentada, bem como da própria pesca acidental.
Podemos melhorar e restituir ao mar e ao ambiente o seu equilíbrio, antes que seja tarde de mais.
Viva o 5 de Junho!
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