Os criadores de gado no concelho do Porto Novo, Santo Antão, dizem estar a desfazer “ao desbarato” dos seus animais perante mais um ano de seca neste concelho, cujos efeitos são “cada mais difíceis”.
Em situação mais complicada estão os criadores de gado do Planalto Norte, zona onde voltou a não chover este ano, tendo alguns pastores confirmado o facto de estarem a vender, “a qualquer preço”, os seus animais, dadas as dificuldades na aquisição de ração.
Um dos criadores abordados pela Inforpress disse ter vendido, ultimamente, 20 cabras por vinte mil escudos, ou seja, a apenas mil escudos/cada, para comprar ração para os restantes que ainda possui, pois, caso contrário correrá “serio risco” de perder todo o seu efectivo.
Da mesma forma, nos arredores da cidade do Porto Novo, onde concentra uma parte importante do efectivo pecuário deste concelho, estimado em 23 mil cabeças de gado, alguns criadores com dificuldades para salvar os seus animais estão a vender os seus animais a um preço reduzido, segundo a associação dos criadores.
O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, numa visita, semana passada, ao Planalto Norte, foi confrontado pelos criadores em Bolona que, também, dizem estar já a vender parte dos seus animais “ao desbarato”.
É o caso do criador Romão Amador que diz ter vendido perto de duas dezenas de cabras por apenas mil escudos por cabeça, ante as dificuldades para as salvar.
Um outro criador, que fica nas imediações do Campo Redondo, disse à Inforpress ter sido, também, obrigado, a vender igual número de cabeças de cabras por 30 contos, ainda assim a “um preço muito baixo” do pretendido.
Além de dificuldades na compra de ração (saliente-se que o programa de salvamento do gado foi concluído em Outubro), os criadores desse planalto dizem enfrentar ainda problemas na aquisição de água.
Nos contactos mantidos, sexta-feira, com deputados nacionais por Santo Antão, eleitos pelo Movimento para a Democracia (MpD – poder), os criadores de gado do Planalto Norte voltaram a clamar pelo apoio do Governo para o salvamento do efectivo pecuário nessa zona, onde mais de 60 famílias vivem, exclusivamente, da pecuária.
Os criadores de gado insistem na necessidade de o Executivo os acudir com ração para salvar os seus animais, uma preocupação que já tinha sido levantada, em Novembro, pela própria associação de criadores do Planalto Norte, que pediu “urgência” no auxílio às famílias cujo sustento depende da criação de animais.
Jorge Santos, admitiu, que se está, “de facto, perante mais um ano de seca e de muitos cuidados, em que não há pasto para o gado”, pelo que é preciso, a seu ver, “encontrar soluções para diminuir o sofrimento das populações”.
O Governo, segundo Jorge Santos, já anunciou um plano de emergência, tendo em conta a ocorrência de mais um mau ano agrícola em algumas ilhas do país, o qual traz “um conjunto de acções para mitigar os efeitos da seca”, esperando que, a partir de Janeiro, com o novo Orçamento do Estado, as medidas sejam implementadas.
O presidente da câmara do Porto Novo, Aníbal Fonseca, já tinha alertado para as dificuldades acrescidas que este ano de seca, o segundo consecutivo, traz para mais de 500 famílias neste concelho, que vivem da pecuária.
O Governo, segundo o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, vai precisar de 600 mil contos para mitigar os efeitos da seca em algumas ilhas do arquipélago, como é o caso de Santo Antão.
Com Inforpress
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