Cardeal D. Arlindo quer deixar a Diocese daqui a cinco anos. Mas decisão depende do Papa
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Cardeal D. Arlindo quer deixar a Diocese daqui a cinco anos. Mas decisão depende do Papa

Dom Arlindo Furtado completa 70 anos de idade em Outubro próximo e gostaria de deixar a Diocese quando fizer 75, conforme o Direito Canónico, mas a decisão depende do Papa.

“Gostaria de realmente deixar a Diocese aos 75 anos, mas não depende de mim. A gente faz o pedido como exige o direito (canónico) mas o Papa é que decide”, manifestou Dom Arlindo Furtado, em entrevista ao jornal Terra Nova, por ocasião dos primeiros dez anos do seu ministério episcopal na Diocese de Santiago, assinalados esta quinta-feira, 15 de Agosto.

Sobre quem será o seu sucessor após atingir o limite de idade (75 anos, conforme o Direito Canónico), o prelado não quis pronunciar-se porque, disse, “isso depende de outras estruturas que não directamente do bispo”.

“O bispo é chamado a sugerir nomes, como outros são chamados a sugerir nomes de eventuais bispos futuros, mas a decisão não depende do bispo. Isso que fique claro: não serei eu a escolher o meu sucessor, mas será a Igreja através de diversas instâncias, segundo procedimentos próprios, que vai escolher o futuro bispo de Santiago de Cabo Verde”, explicou o responsável da Diocese de Santiago, acrescentando que ele, enquanto bispo, tem que criar as condições para que a Diocese tenha “muitos e bons padres”, ou seja, “intelectualmente formados, espiritualmente seguros, pastoralmente dedicados e verdadeiros servidores do povo de Deus”.

Na entrevista àquele órgão cristão de formação de informação, Dom Arlindo Furtado não fugiu à pergunta sobre um dos grandes problemas da Igreja, que é a questão dos abusos sexuais, garantindo que, “felizmente”, em Cabo Verde não tem conhecimento de abusos sobre menores e outros abusos até em termos económicos.

“Nós, nas reuniões dos padres, já falámos bastante sobre isso para prevenir, alertar e informar sobre o que se passa na Igreja no seu todo”, afirmou, referindo-se à problemática dos abusos sexuais na Igreja e que, em relação a Cabo Verde, na sua perspectiva, se está a prevenir “para que isso não venha a acontecer”.

“Espero que possamos trabalhar na prevenção mais do que depois termos que correr atrás do prejuízo”, notou o cardeal Dom Arlindo Furtado.

Acrescentou que a Conferência Episcopal cabo-verdiana “avançou muito cedo”, com a criação na Diocese de Santiago de uma comissão diocesana de protecção de menores, que integra pessoas “bastante competentes na área, já com alguma experiência e muito apaixonadas”.

Segundo ele, foi feita formação não só para os membros da referida comissão, mas também para pessoas que colaboram de perto.

“(…) Temos estrutura agora para, se houver qualquer coisa, intervir imediatamente”, declarou Dom Arlindo Furtado, que espera que esta situação não venha a ocorrer na Igreja cabo-verdiana, porque, afirmou, “é grave”.

A partir deste ano lectivo, é introduzida nas escolas públicas a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, mas é uma disciplina opcional e não conta para as notas.

O bispo de Santiago mostra-se “feliz” com esta iniciativa que está a ser implementada ao abrigo de um acordo jurídico, conhecido por concordata, assinado em Junho de 2013 entre o Estado de Cabo Verde e a Santa Sé.

“Eu queria apelar a todos os pais cristãos, encarregados de educação para que todos façamos o forcing necessário para que as nossas crianças possam estar inscritas nessa disciplina para que a maioria dos nossos cidadãos que frequentam essa formação tenha critérios éticos para analisarem a vida e nela se projectarem”, invocou o prelado.

O cardeal pede às pessoas para não confundirem o ensino desta disciplina com a catequese.

“A catequese tem como objectivo sobretudo ajudar as crianças, adolescentes, jovens e adultos cristãos a viverem a sua fé em conformidade com Jesus Cristo em comunhão com a Igreja”, indicou, acrescentando que a Educação Moral e Religiosa Católica ajuda as pessoas a serem “cidadãos com critérios na vida e capazes de globalizar a sua solidariedade e a humanizarem as relações e a contribuírem para o bem comum de toda a sociedade”.

Com Inforpress

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