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Cabo Verde regista 936 casos de violência doméstica só nos primeiros seis meses de 2021
Sociedade

Cabo Verde regista 936 casos de violência doméstica só nos primeiros seis meses de 2021

Cabo Verde registou 936 casos de Violência Baseada no Género (VBG) neste primeiro semestre, correspondendo a um aumento de 16,27%, contabilizados na sua maioria nos concelhos da ilha de Santiago, divulgou esta quinta-feira, 12, a Polícia Nacional.  

Os dados foram anunciados pelo director da Escola de Formação da Polícia Nacional, Gilberto Alves, durante a sua intervenção na cerimónia de abertura da formação sobre VBG, destinado a 25 agentes policiais.  

Segundo avançou, a prevenção da VBG é uma das questões que tem ganhado “cada vez mais centralidade” na agenda política do País, “onde as principais vítimas são mulheres e meninas”, e a manifestação dessas violências vai desde assédio sexual na rua e no trabalho, passando pela violência doméstica até descambar na sua forma mais grave, o homicídio.  

 “Em Cabo Verde, neste semestre, registou-se 936 casos, acusando em termos absolutos um aumento de mais de 131 casos de VBG correspondente em termos relativos de mais 16,27%, apontou.  

Os dados indicam que houve diminuição de crimes de VBG em 13 concelhos, designadamente Ribeira Grande de Santo Antão, Ribeira Brava, Tarrafal de São Nicolau, Boa Vista, Maio, São Lourenço dos Órgãos, São Salvador do Mundo, Santa Catarina de Santiago, São Miguel, Santa Catarina do Fogo, Mosteiros e Brava.  

Por outro lado, o aumento foi registado nos concelhos da Praia, São Vicente, Porto Novo, Ribeira Grande de Santiago, São Domingos, Tarrafal de Santiago e Santa Cruz.  

Gilberto Alves adiantou ainda que no primeiro semestre ocorreram oito homicídios contra 19 ocorridos em igual período do ano anterior, uma diferença de menos 11 homicídios, equivalentes a menos 57,89%.

As vítimas e os autores dos homicídios foram “na sua grande maioria” do sexo masculino e apenas duas do sexo feminino.  

“Os números da VBG crescem, mas mesmo assim temos a consciência de que muitas vítimas ainda não denunciam os casos, e neste sentido como é que as instituições públicas, designadamente o ICIEG, PN, PJ e a Procuradoria podem trabalhar no sentido de garantir o melhor atendimento susceptível de propiciar mais confiança das vítimas e, por esta via, contribuir para que novas violências não venham acontecer”, referiu.  

Para este responsável, a prevenção da violência é tanto mais eficaz quando os elementos responsáveis pela aplicação da lei, ou seja, todas as entidades que estão directamente ligadas a esta problemática, se mostrarem unidas e actuarem sobre a égide da instituição que tem a principal missão neste domínio.  

Por seu turno, a presidente do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade Equidade do Género (ICIEG), Rosana Almeida, agradeceu o engajamento e abertura da Polícia Nacional em ser o “maior parceiro” do ICIEG e disse esperar que os 25 agentes venham se juntar a outros tantos já formados, de modo a combater a VBG e contribuir para “uma diminuição considerável” de casos em Cabo Verde.

“É tarefa do ICIEG, da polícia, da sociedade, da família, da justiça e de todos nós”, afirmou Rosana Almeida, que considerou que a articulação com a Procuradoria e os hospitais deve fluir e que o foco é ter um sistema que permite que esta articulação seja de forma “mais fluente” para que as respostas sejam “mais rápidas”.

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