"De facto, a psicologia organizacional diz-nos que reconhecemos como líderes pessoas que falam muito, independentemente do que eles dizem e pessoas que aparentam ser confiantes independentemente da sua competência".
Há dias, por indicação de um amigo, vi uma TEDx em que o tema era “Why do we celebrate incompetent leaders? (Porquê celebramos líderes incompetentes?). A comunicação foi feita por Martim Gutmann, na TEDx Berlin.
Martin Gutmann é um historiador que ao longo da sua carreira estudou as diferentes lideranças em diferentes épocas.
Durante a comunicação, Gutmann fala de vários tipos de líderes, mencionando alguns bem famosos como Toussaint Louverture, Francis Perkins e outras pessoas que marcaram a história, mesmo estando no anonimato.
No mesmo vídeo, ele usa alguns exemplos sobre liderança. Num dos exemplos, Gutmann fala de dois nadadores que entram num rio com fortes correntezas. O primeiro nadador entra na água sem preparo, é levado pela correnteza, luta e safa-se. O segundo, sendo mais cauteloso, estuda as correntezas do rio, pesquisa sobre como nadar em fortes correntezas e de seguida entra na água e não tem muitas dificuldades em nadar e depois sair.
Ora, qual é ou seria a reação dos que presenciaram os acontecimentos? Certamente, o primeiro nadador seria visto como um campeão e um lutador por ter vencido a correnteza, um exímio líder. O segundo, possivelmente seria visto como uma pessoa normal que no máximo teve sorte por não ser levado pela correnteza.
Portanto, pelos julgamentos podíamos considerar o primeiro nadador como um grande líder e o segundo nadador, nem tanto. Porém não é o caso. A explicação, segundo Gutmann, é bem simples: nós acreditamos que os melhores líderes são os que fazem mais barulho e causam mais sensação num determinado momento.
No mundo atual, aparecer ser um grande líder é mais importante do que o ser. Do exemplo apresentado, vimos que o primeiro não tem preparação e vai na sorte, enquanto o segundo preparou-se para o momento. Assim acontece um pouco por todo o lado.
De facto, a psicologia organizacional diz-nos que reconhecemos como líderes pessoas que falam muito, independentemente do que eles dizem e pessoas que aparentam ser confiantes independentemente da sua competência.
Em Cabo Verde, temos vários líderes de circunstância. Líderes que são barulhentos nas redes sociais. Líderes que dedicam tempo somente à arte da retórica e ignoram a parte de saber fazer. Todavia, ainda podemos melhorar. Devemos sempre olhar para o mais calmo e cauteloso na hora de tomada de decisões e para aqueles que se preparam para os momentos difíceis.
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