Cabo Verde é um país estranho, onde as coisas por mais estapafúrdias que sejam são consideradas normais por certas franjas da nossa sociedade.
O deputado do MpD, Orlando Dias, que foi reprovado pelo Parlamento para o cargo de 1º Vice-presidente da Mesa da Assembleia Nacional, foi ao Facebook mostrar o seu descontentamento com aquilo que chama de “traição organizada” pelo seu próprio partido, incluindo membros do novo Governo, pelo que, afirmou, “haverá consequências imprevisíveis”.
Isto não era para acontecer. O que se passou hoje (n.d.r. quarta-feira, 19), em sede da instalação da Mesa da Assembleia Nacional, na Cidade da Praia, é típico dos filmes onde os actores são desavergonhados. Orlando Dias, um homem que tanto tem lutado pelo MpD, foi humilhado pelo seu próprio Partido, diante de um hipotético líder, que não teve pejo e nem jeito de colocar, em sede do Partido, os pontos nos ís. Parece que há um grupo que tomou o partido de assalto e Ulisses Correia e Silva hoje vai a sabor do vento.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou hoje que “não há nenhum problema” com Orlando Dias e que o MpD irá conseguir ultrapassar esta fase de alguma “turbulência”.
Os deputados eleitos nas legislativas do passado mês de Abril marcam presença hoje na Assembleia Nacional para a sessão constitutiva da X Legislatura, em que Austelino Correia, deputado do MpD, passará a ser presidente do parlamento.
A proposta de eleição do deputado Orlando Dias para 1º Vice-presidente da Mesa da Assembleia Nacional não passou. Ficou pelos 36 votos, mas precisava de 37.
O novo presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde, Austelino Tavares Correia (MpD), prometeu hoje uma presidência “aberta, participativa e partilhada”, garantindo que vai procurar obter consensos ao longo da legislatura que agora arranca.