Legislativas. Minutos finais e a debandada ventoinha
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Legislativas. Minutos finais e a debandada ventoinha

Com serenidade e paciência iremos assistir a passagem dos minutos finais do mais efêmero Governo da nossa história, mas felizmente que estamos em democracia! As vagas não chegam para tantos pretendentes, sobretudo agora que a possibilidade da derrota é cada vez mais nítida. A composição vai sendo remendada ao ritmo das ameaças e chantagens, bem à moda desse grupo que se intitula “pai da democracia” cabo-verdiana.

As eleições legislativas de 18 de abril avançam a passos largos. Vem com pressa, atrapalhando as contas dos rabentolas. Com efeito, no interior do movimento o ambiente é explosivo. As vagas não chegam para tantos pretendentes, sobretudo agora que a possibilidade da derrota é cada vez mais nítida. A composição vai sendo remendada ao ritmo das ameaças e chantagens, bem à moda desse grupo que se intitula “pai da democracia” cabo-verdiana.

Consta que em Santiago Sul, a jornalista Rosana Almeida deverá ser chamada para secundar Ulisses Correia e Silva, a ver se se consegue massagear as exigências da sociedade civil. Esse arranjo de última hora, deverá empurrar o Abraão Vicente para Santiago Norte, este que volta e meia se gaba de usufruir de lugar de destaque na cadeia alimentar do movimento.

Ao Miguel Monteiro estará reservada umas tetas lá pelas bandas da Bolsa de Valores. Pudera, o homem do NhaBex não pode ficar sem a sua vez.

Em Santiago Norte, a guerra de galos entre Herménio Fernandes, presidente da Câmara Municipal de São Miguel, nomeado coordenador destas eleições, e Austelino Correia, líder da comissão política regional e vice-presidente da Assembleia Nacional, terá provocado grandes fissuras no seio do movimento, com Correia a ameaçar tudo e todos, sentenciando o fim da picada se as suas vontades não forem atendidas, o que o terá valido a recondução no primeiro lugar da lista.

Herménio Fernandes, sem dar o braço a torcer, mas já dando, terá eventualmente acabado por conseguir uma vaga de segundo lugar para a sua conterrânea de São Miguel, a socióloga e professora universitária, Eurídice Monteiro, contando com o beneplácito da lei da paridade e com o peso político e cumplicidades pessoais na cadeia alimentar dos rabentolas, parafraseando o seu companheiro Abraão Vicente.

De modo que, assim corre a corrida aos postos no seio do partido comandado por Ulisses Correia e Silva.

De empurrão em empurrão, temos por certo que, dos 13 círculos eleitorais, vai ser decisivo a disputa da batalha na Região Política Santiago Sul.

Para quem acompanha essas lides políticas nem os melhores dramaturgos gregos conseguiriam narrar o drama que será essa disputa: até agora já vimos resumos e ensaios como, por exemplo, a chitada que o MpD levou na Praia e os desaires eleitorais em São Domingos e na Ribeira Grande de Santiago!

A nova distribuição de vagas de deputados decorrentes da atualização do recenseamento eleitoral divulgada mostra o deslocamento de uma vaga de São Vicente para a ilha do Sal e outra deslocação de uma vaga de Santo Antão para Santiago Sul.

Isso equivale, na linguagem do futebol, sair, à partida, com um golo a favor no primeiro minuto do jogo de futebol, o jogo não está ganho, mas é uma grande vantagem: acalma a equipa e agita o adversário.

O MpD é maioritário em Santo Antão e a deslocação de uma vaga para Santiago Sul é um prejuízo para os ventoinhas que perdem um deputado e vantagem para o PAICV que ganha esse deputado em Santiago Sul onde é maioritário.

Em São Vicente, o MpD é maioritário e perde uma vaga de deputado para a ilha do Sal que passa a contar com quatro deputados e onde também o MpD é maioritário. Ocorre que dificilmente o MpD ganhará as três vagas de deputados aí, mas sim, o mais provável seria dividir dois a dois.

Por outro lado, sociologicamente, o incremento demográfico no Sal se deve, em boa medida, às migrações das outras ilhas, especialmente, da ilha de Santiago onde a oposição é maioritária, sugerindo uma provável tendência de votação oposicionista enquadrada dentro da ponderação segmentária desse grupo social e político nessa ilha.

Por outras palavras, prevê-se uma disputa acirrada circulo a círculo. Partindo da vantagem tambarina em Santiago Sul tudo leva a se prever um duelo dramático, mas saudável entre as duas máquinas partidárias que rondam o poder, porém com clara vantagem para o PAICV em termos institucionais, políticos, sociológicos e eleitorais.

Os factos que se seguem são elucidativos:

1. O MpD ganhou todas as autárquicas e perdeu, mesmo assim, algumas Legislativas seguintes;

2. A tendência eleitoral hoje é de queda acentuada na votação no MpD e subida de voto no PAICV – vide o exemplo da disputa nas autárquicas na Praia em outubro passado;

3. A avaliação do Governo é péssima;

4. A imagem pessoal do UCS é a pior de todos os PM em final de mandato, historicamente, em Cabo Verde, no período democrático;

5. A Pandemia já varreu governos poderosos do poder como, por exemplo, Trump, nos EUA, imagine, UCS em Cabo Verde!???

6. A economia do país está arrasada!

7. A população está descontente e desapontada com as promessas não cumpridas;

8.  A violência e a criminalidade não foram debeladas;

9. O desemprego castiga ferozmente muitas famílias;

10. O calendário eleitoral mpdista pifou e, desesperadamente, tenta correr atrás do tempo que não volta mais.

Com serenidade e paciência iremos assistir a passagem dos minutos finais do mais efêmero Governo da nossa história, mas felizmente que estamos em democracia!

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