O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 17,7% em 2022, muito superior aos 6,8% de 2021, um desempenho considerado “histórico”, superando os níveis pré-pandémicos, anunciou hoje o Banco de Cabo Verde (BCV).
Conforme o relatório do estado da economia, o “crescimento excecional” do ano passado foi motivado pelas recuperações dos setores ligados ao turismo, nomeadamente o alojamento e restauração (264,4%), transportes e armazenagem (45,8%), comércio e reparação (34,2%), bem como dos impostos líquidos de subsídios arrecadados no ano (29,4%).
“No entanto, não obstante a envolvência externa desafiante, a atividade económica nacional registou um desempenho histórico, superando os níveis pré-pandémicos”, constatou o banco central.
Segundo o BCV, o desempenho foi impulsionado, em grande medida, pelos “impactos positivos” de arrastamento do processo de recuperação da crise pandémica com o fim das restrições à mobilidade e a retoma mais rápida do que o esperado do setor do turismo.
Também contribuíram as medidas de políticas adotadas em março de 2022 com o intuito de compensar os efeitos da alta dos preços dos combustíveis e dos bens de primeira necessidade.
No ano passado, o BCV constatou ainda uma “evolução positiva” do consumo privado, que cresceu 28,3%, apesar do aumento da taxa de inflação média no país, que atingiu o nível mais alto dos últimos 20 anos (7,9%).
“Do lado externo, destaca-se o mercado de trabalho robusto nos principais parceiros económicos do país e as medidas orçamentais adotadas também para mitigar os efeitos da alta inflação”, prosseguiu o banco central.
“Do lado interno, destaca-se pendor da política monetária do banco central marcadamente acomodatícia, que contribuiu igualmente, para este desempenho da economia nacional”, completou.
Quanto ao défice da balança corrente, o BCV concluiu que registou uma melhoria de cerca de 143 milhões de euros, passando a representar 3% do PIB (11,8 por cento do PIB em 2021).
Para isso, contribuíram os aumentos registados nas exportações de serviços de viagens de turismo (226,2%) e de transportes aéreos (111,8%) e nas reexportações de combustíveis e víveres nos portos e aeroportos nacionais (118,4%), remessas de emigrantes (11,6%) e nas outras transferências correntes privadas (6,7%).
Em 2022, os influxos líquidos de financiamento na economia cabo-verdiana reduziram-se em 9.243,5 milhões de escudos (cerca de 84 milhões de euros), reflexo principalmente das reduções registadas nos desembolsos líquidos, tanto da dívida pública como da dívida privada.
Segundo a mesma fonte, no ano passado registou-se igualmente o aumento nos ativos externos líquidos dos bancos, em influxos que foram mais do que suficientes para cobrir as necessidades de financiamento da economia.
“O país acumulou cerca de 24 milhões de euros em ativos de reserva no final do ano. Em consequência, o stock das reservas internacionais líquidas do país aumentou, em 2022, para os 625,7 milhões de euros, permitindo garantir seis meses das importações de bens e serviços”, lê-se no relatório.
Em 2022, o BCV referiu que a posição (deficitária) de investimento internacional líquida deteriorou-se em 93,6 milhões de euros, passando a representar 141,1% do PIB (171,5% do PIB em 2021).
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