“Chiquinho”, obra de referência do autor cabo-verdiano Baltasar Lopes, e um marco incontornável da literatura lusófona, foi traduzida pela primeira vez para a língua inglesa. O lançamento internacional será no dia 22 deste mês em New Bedford, nos EUA.
Segundo as informações publicadas hoje na página oficial do Consulado de Cabo Verde em Boston no facebook, a referida obra já foi editada em francês, italiano, checo e russo e agora pela primeira vez em língua inglesa, um trabalho feito pelo cabo-verdiano Carlos A. Almeida e a portuguesa Isabel Fêo Rodrigues ambos académicos nos Estados Unidos da América (EUA).
De acordo com a mesma fonte, “Chiquinho é considerado por vários críticos a primeira obra genuinamente cabo-verdiana, porquanto traça fielmente a vida no arquipélago na primeira metade do século XX, a ligação à terra e o significado do convívio no seio da família.
A mesma acrescenta ainda que o referido trabalho simboliza a descoberta do mundo através das letras a necessidade de contacto com as ilhas, neste caso, São Vicente, para frequentar o liceu e a emigração como saída para uma vida melhor.
Chiquinho é um clássico da literatura cabo-verdiana, já teve várias edições, em Cabo Verde e Portugal, e o lançamento da versão em inglês acontece precisamente 62 anos depois da primeira edição dessa obra-prima de Baltasar Lopes da Silva - curiosamente seu único romance publicado.
Para a mesma fonte, Baltasar Lopes da Silva é “incontornável” na literatura, cultura e educação de Cabo Verde. Escritor, poeta, linguista e ensaísta, foi um homem da escrita que revolucionou a sua época com o seu multifacetado talento.
Baltasar Lopes da Silva nasceu na aldeia do Caleijão na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde, no dia 23 de Abril de 1907, tendo concluído os seus estudos secundários no seminário de São Nicolau, viajou para Portugal para estudar na Universidade de Lisboa.
Durante o seu tempo em Lisboa, Baltasar Lopes estudou com importantes nomes da cultura portuguesa, como, por exemplo, Vitorino Nemésio e Luís da Câmara Reis. Formou-se em Direito e Filologia Românica, tendo sempre obtido excelentes notas durante os seus estudos na Universidade de Lisboa.
Depois da universidade, Baltasar Lopes regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de professor no Liceu Gil Eanes em São Vicente. Após alguns anos foi nomeado reitor deste liceu.
Os seus últimos dias foram passados em Lisboa, para onde foi transferido para ser submetido a tratamento de uma doença cerebrovascular, falecendo pouco depois, no dia 28 de Maio de 1989.
Foi dos fundadores da revista cabo-verdiana “Claridade”, uma revista de contos, ensaios e poemas e escreveu obras como “Chiquinho”, “Cabo Verde visto por Gilberto Freyre”, “O Dialecto crioulo de Cabo Verde”, a “Antologia da Ficção Cabo-Verdeana Contemporânea”, “Cântico da Manhã Futura” e “Os trabalhos e os dias”.
Com Inforpress
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