As lutas que Amílcar Cabral travou, e a sua atualidade, levaram o grupo musical de cabo-verdianos Terreru a gravar um disco de homenagem ao líder africano para colocar na agenda muitos dos temas pelos quais se bateu.
“Queremos com este trabalho dar o nosso contributo, através da música, e trazer essas questões de novo para a agenda, mas com essa perspetiva que Cabral fez em toda a sua vida que é ser muito frontal e combater. Estamos a usar a música para fazer esse combate”, disse Ângelo Barbosa, um dos elementos do grupo Terreru, que vive nos Estados Unidos.
Barbosa explicou que o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, que se assinala este ano, é uma oportunidade para recordar as lutas daquele que ainda hoje é conhecido como o “pai” da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.
“Ainda vivemos uma sociedade muito desigual, injusta. Cabral foi um homem que se meteu a sério na questão da justiça social e bateu-se de frente contra a questão da descolonização, da discriminação racial, do racismo, da falta de oportunidades, do desprezo, do medo”, disse.
O grupo, composto por cabo-verdianos a residir nos Estados Unidos, acredita que “há mensagens que devem ser ditas, colocadas em espaços específicos, com a devida frontalidade e intensidade”.
O projeto Alerta Cabral Ka Morri (alerta Cabral não morreu, em crioulo) será apresentado sexta-feira na Associação Cabo-Verdiana em Lisboa e a primeira faixa do disco, intitulada “Alerta”, será divulgada sábado, Dia de África.
Trata-se do terceiro disco do grupo Terreru, sendo o primeiro dedicado ao escritor, poeta e músico cabo-verdiano Kaká Barbosa, em 2021, e o segundo, em 2022, de homenagem a Carlos Alberto Martins (Katchás),guitarrista, compositor e líder do grupo Bulimundo.
Antes disso, Ângelo Barbosa dá quinta-feira a conhecer no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, o Instituto Pedro Pires de Estudos Cabo-Verdianos, na Bridgewater State University, que dirige e que desenvolve uma série de atividades relacionadas com a academia, mas também com a comunidade cabo-verdiana nesta região, que é muito representativa.
Os Estados Unidos continuam a ser o principal destino da emigração cabo-verdiana.
“Temos um conjunto de programas que fazemos com as organizações cabo-verdianas nesta área e em vários domínios, desde a música, a língua, a história”, explicou.
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