O incêndio que deflagrou quinta-feira na Cova Matinho, no concelho de Santa Catarina (ilha do Fogo), já chegou às localidades de Mãe Joana e Estância de Roque, de forma descontrolada, tendo já consumido cerca de 200 hectares de terrenos.
Segundo dados avançados à Inforpress pelo delegado do Ministério da Agricultura na ilha do Fogo, Estevão Fonseca, neste momento as chamas continuam a alastrar-se, já que o incêndio continua activo numa extensão superior a um quilómetro da frente.
As zonas consumidas, os cerca de 200 campos de futebol, são marcados por perímetros agrícolas com muito material lenhoso, invasoras como espécie de lantunas e sisal (carrapato), que funcionam como combustíveis naturais.
“Todo o apoio neste momento é pouco face à proporção que este incêndio já atingiu. Estamos a menos de 50 metros da frente do incêndio, nesta limítrofe de Estância de Roque e Mãe Joana, com uma intensa poeira e nuvem de pó, muito prejudicial à saúde, sobretudo às crianças e pessoas idosas”, referiu.
Realçou que desde quinta-feira bombeiros municipais de São Filipe, Santa Catarina e Mosteiros encontram-se no terreno, mas reclamou a pouca participação dos munícipes e da comunidade, pelo que enalteceu “o contributo dos que estão presentes e alguma falta de solidariedade, neste momento que clama por um djunta mó” para reforçar este combate.
Fonseca clama pelo reforço de intervenção, seja água para hidratação de pessoas ou mesmo um lanche, palavras de confortos, máscaras antifogos, viaturas, pessoal e mobilização de materiais como pás e enxadas, alegando que toda a ajuda é bem-vinda, já que o fogo não dá sinais de abrandamentos.
“Estamos na presença de terrenos agrícolas com muita lenha, muita pastagem, zonas agrícolas que se encontram em abandono. O incêndio reacendeu em muitas frentes, terrenos agrícolas, zona de cafezais, citrinos, mangueiras, pelo que muitas zonas, assim como Monte Capado, estão praticamente perdidas. Há uma preocupação também com os criadores de gados. É difícil descrever neste momento o nível de dos prejuízos já elevados”, lamentou.
Referiu que num curto espaço de 10 dias este é o quarto incêndio e o pior de todos.
Na quarta-feira começou o incêndio na zona de Miguel Gonçalves e Cabeça de Monte, antecedido de um primeiro, no dia anterior, na zona de Curral Grande. A semana passada foi marcada por um outro, de “alguma gravidade”, no perímetro florestal de Monte Velha.
Tudo indica que o fogo teve origem nos trabalhos de limpeza dos terrenos agrícolas.
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