Manuel Paiva tinha 26 anos quando um acidente de viação, provocado por um outro condutor, o atirou para uma cadeira de rodas e, hoje, aos 58, ainda aguarda por uma indemnização que tarda a chegar.
Está a ficar mais velho, conforme disse à Inforpress, enquanto as suas condições físicas exigem cada vez mais “cuidados especiais” que não está em condições de garantir.
O acidente ocorreu a 17 de Junho de 1994, no cruzamento de Lém-Ferreira, quando um veículo conduzido por António Fernandes Gomes embateu contra o dele.
O sinistro provocou a Manuel Paiva, conforme relatório médico, “fraturas de duas vértebras e paraplexia flácida dos membros inferiores com diminuição de força muscular dos membros superiores e anestesia total até à linha intermamilar”.
O então jovem, que na altura gozava de boa saúde, era condutor profissional, ficou paraplégico, foi evacuado para Portugal a fim de receber tratamento médico tendo permanecido em Lisboa durante seis meses e, mesmo assim, a sua situação foi irreversível.
Em 1999, por conta própria, foi tentar a sorte em Cuba. Neste país, conforme revelou, o tratamento que recebeu lhe fez acreditar que podia voltar a andar.
Mas, faltou-lhe o dinheiro para prosseguir o tratamento, pelo que teve que regressar a Cabo Verde “muito melhor em relação ao estado em que se encontrava”.
Daí acreditar que, se tivesse continuado os tratamentos médicos em Cuba, já não voltaria de maca.
Disse à Inforpress que soube que em Espanha já se consegue o tratamento de casos semelhantes ao dele, mas não sabe se pode ter esta sorte.
“Cerca de três meses antes do acidente, estava para ser pai”, conta Manuel Paiva, que lamenta o facto de o fatídico dia 17 de Junho de 1994 lhe ter tirado a possibilidade de apoiar e educar a sua filha, conforme era seu desejo.
Tendo em conta que o acidente foi provocado por um outro condutor, entrou com um processo no Tribunal, tendo ganhado a causa na primeira instância.
A sentença foi proferida a 17 de Março de 2017 e o juiz fixou-lhe uma indemnização de nove mil e quinhentos contos e com um juro de oito por cento se o réu não cumprisse o prazo fixado pelo tribunal para o pagamento.
Entretanto, o réu recorreu da sentença que voltou a perder no Supremo Tribunal de Justiça.
Neste momento, Manuel Paiva, que depende da ajuda financeira para a satisfação das suas necessidades básicas, tem mais de 15 mil contos por receber, por causa dos juros de mora no pagamento da indemnização.
Como o réu António Gomes não acatou a decisão do tribunal, o juiz mandou penhorar um prédio que lhe pertence, sito na Avenida Cidade de Lisboa, e já se passou muito tempo sem o imóvel ser vendido e Manuel Paiva desconhece as razões.
Contactado pela Inforpress, Paulo Semedo, indigitado pelo tribunal para procurar comprador, assegurou que tem havido interessados, nomeadamente um cidadão chinês, mas que o negócio não se concretizou porque tinha interesse num espaço contíguo que lhe foi recusado pela Câmara Municipal da Praia.
Em seu entender, o problema fundamental “está na justiça”.
“Às vezes aparece alguém que quer comprar imediatamente, mas por causa da demora do tribunal em dar resposta, a pessoa acaba por desistir”, lamenta Paulo Semedo, que pede um “pouco mais de celeridade neste processo”.
Comentários
Carlos Carlos landim, 11 de Abr de 2025
Pmd k tribunal ka intregal prédio e ta bende e ta tra se denheiro nen se pouko kualker kuzas esta mal conforme ten dito Amadeu oliveira
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De pina, 8 de Abr de 2025
Se o acidente aconteceu em 1994 então isso quer dizer que já lá vão 31 anos e não 35 como referiram na peça.
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