O PAICV acusou hoje o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, de sete anos de um Governo de “propaganda”, que “não leva a panela ao lume” ou resolve os problemas da população.
“Para o doutor Ulisses Correia e Silva basta a propaganda e o marketing político para apagar a triste e dura realidade em que vive a maioria dos cabo-verdianos, por conta do aumento brutal do custo de vida e da perda do poder de compra das famílias”, afirmou o líder parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, na declaração política do partido que esteve no poder de 2001 a 2016, precisamente sobre os sete anos de governação do MpD.
“Definitivamente, estamos diante de um Governo de propaganda, de feiras, fóruns e desculpas. Já é tempo de o senhor primeiro-ministro entender que a propaganda não leva a panela ao lume e não resolve os problemas das populações”, acusou ainda o deputado do maior partido da oposição, durante a última sessão parlamentar de maio.
Na reação, os deputados do MpD acusaram o partido de não reconhecer o trabalho do Governo apesar dos elogios das organizações internacionais, a diminuição do desemprego e a recuperação económica após a crise provocada pela pandemia de covid-19, ou os efeitos da crise inflacionista e da seca prolongada, justificando tratar-se de um PAICV “ressabiado” pelas derrotas eleitorais de 2016 e 2021 e de “bota-abaixo”.
Na declaração política, o PAICV responsabilizou Ulisses Correia e Silva pela “absoluta fuga” às responsabilidades face a promessas não cumpridas desde o primeiro mandato (2016 a 2021).
“Não honrou o compromisso de formar um Governo entre 10 a 12 membros. Pelo contrário, brindou o país com um elenco governamental de 28 membros, representando um aumento de cerca de 400 mil contos em despesas de funcionamento do Estado”, apontou.
“Não atingiu a meta de crescimento médio real mínimo de 7% ao ano. Não honrou o compromisso de reduzir o desemprego jovem em Cabo Verde na ordem dos 50% durante a legislatura, através da criação de um mínimo de 45 mil novos empregos dignos e bem remunerados. Contrariamente, de 2016 a esta parte destruiu mais de 32 mil postos de trabalho”, disse ainda o líder parlamentar do PAICV, entre outras críticas.
Na segunda-feira, numa comunicação ao país, o primeiro-ministro destacou que em dois anos - do atual mandato - foi possível a Cabo Verde recuperar da “forte quebra” económica provocada pela pandemia de covid-19, incluindo a recuperação da procura turística, que em 2022 bateu o recorde de 853.000 turistas.
“Há dois anos assumimos o compromisso de colocar Cabo Verde no caminho seguro e estamos a cumprir”, apontou Ulisses Correia e Silva na mesma mensagem.
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.
“A economia continuará a crescer em 2023. Temos uma previsão que é conservadora de 4,8%, mas continuará a crescer e a criar empregos”, afirmou Ulisses Correia e Silva.
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