Os portos de Cabo Verde movimentaram 72.541 passageiros em junho, um aumento de quase 15% num mês, continuando a recuperar das perdas provocadas pela pandemia de covid-19, segundo dados oficiais consultados hoje pela Lusa.
De acordo com o último relatório de tráfego da Enapor, empresa pública cabo-verdiana responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, o movimento de junho não tem paralelo com o registado há precisamente um ano, quando as viagens interilhas de passageiros estavam fortemente condicionadas pelas medidas para conter a pandemia de covid-19.
Trata-se, assim, de um crescimento no movimento de passageiros de 79,3% face ao mês de junho de 2020, segundo os dados da Enapor, e de mais 14,6% na variação mensal, comparando com maio deste ano, mês marcado pela aplicação de novas medidas restritivas face ao forte recrudescimento da pandemia em todas as ilhas.
O movimento de passageiros caiu 21% em maio, mas tinha crescido 20,7% em abril e 30% em março.
A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, do grupo ETE, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo atualmente a única empresa a operar neste setor no arquipélago e que admitiu que a pandemia representou uma quebra de 30% na atividade em 2020.
Do total de junho, 35,1% representou o movimento no Porto Grande e 29,9% no Porto Novo, respetivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão. O Porto da Praia, capital do país, registou uma quota de 12,2% do total, com um movimento que aumentou para 8.837 passageiros, indica o relatório da Enapor, a que a Lusa teve hoje acesso.
Ainda em junho, os portos de Cabo Verde movimentaram 516 escalas de navios, uma quebra de 9,9% face a maio e um aumento de 11,4% face a junho de 2020, quando era apenas permitido, essencialmente, o transporte marítimo de carga.
O movimento de mercadorias aumentou em junho 5,9% face a maio, para 240.190 toneladas, e cresceu 0,34% em termos homólogos.
Os portos de Cabo Verde movimentaram em 2020 um total de 757.011 passageiros, uma quebra de quase 30% face ao ano anterior, explicada com os efeitos da pandemia de covid-19, que obrigou à suspensão das ligações interilhas.
De acordo com o relatório de tráfego anual elaborado pela Enapor, no espaço de um ano foram transportados menos 314.249 passageiros (-29,3%).
As ligações marítimas de passageiros foram totalmente suspensas pelo Governo de Cabo Verde entre final de março e meados de maio de 2020, com o estado de emergência, para conter a transmissão da covid-19.
Desde 03 de setembro de 2020 que os navios que garantem essas ligações interilhas podem usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em maio, devido à pandemia de covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.
As alterações visam especificamente o transporte marítimo, alterando a definição anterior, que obrigava a que a lotação dos navios devia “respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros”, o que se traduzia, até então, numa ocupação máxima de 50% da capacidade dos navios.
Aquando da aprovação desta resolução, o Governo explicou que as alterações permitiriam às viagens interilhas com tempo de duração inferior a três horas e meia uma ocupação de 100%. A medida pretendia “manter a vigilância e reforçar as medidas de combate ao covid-19”, mas também “iniciar uma atividade gradual da retoma económica e circulação das pessoas entre as ilhas por via marítima”.
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