Os representantes dos partidos da oposição, PAICV e UCID, respectivamente, consideraram que o regresso dos TACV aos voos domésticos é reconhecimento por parte do Governo do MpD do “gravíssimo erro” cometido nas políticas dos transportes.
Durante o programa Directo ao Ponto, hoje na RCV, o deputado Démis Lobo Almeida, do PAICV, afirmou que foram as medidas “atabalhoadas, erradas, inconsistentes, incompetentes do Governo” que levaram à situação em que o país se encontra neste momento, de iminência de ruptura nas ligações domésticas dos transportes aéreos.
“E é essa iminência de ruptura que leva o Governo a estender a mão à palmatória e a dizer que, afinal, cometeu um erro gravíssimo. Quando permite ou dá orientações ao Conselho de Administração dos TACV para avançar com o wet leasing e trazer uma aeronave da Air Senegal para fazer voos domésticos em Cabo Verde, está a estender a mão à palmatória”, disse.
Por outro lado, afirmou que com este regresso o Governo está a dar razão aos partidos da oposição que sempre disseram que a companhia de bandeira não deveria sair do mercado doméstico.
“O PAICV sempre disse que era estratégico, termos a companhia de bandeira no mercado doméstico, que deveria haver concorrência, que deveria haver uma regulação forte, que o Governo optou por enfraquecer, por desmantelar a regulação económica e por enfraquecer significativamente a regulação técnico-operacional”, indicou.
“Portanto, é o Governo responsável por esta situação, esta vinda dos TACV ao mercado doméstico é um acto de reconhecimento por parte do Governo que errou clamorosamente nas suas políticas públicas para os transportes”, acrescentou.
O deputado da UCID António Monteiro, apesar de se congratular com este regresso, afirmou igualmente que essa medida acaba por demonstrar que o Executivo não tem tido a capacidade de ter previsibilidade nas suas actuações.
“É bom relembrar que quem retirou os TACV das linhas domésticas foi este mesmo Governo do MpD. Estar aqui a dar um salto para frente, depois um para trás, depois um para o lado, não fica bem. Nós temos que ter coerência e nós temos que ter as coisas devidamente organizadas para sabermos a quantas andamos, para onde queremos ir e como queremos lá chegar”, salientou.
Entretanto, António Monteiro sublinhou que o importante é que o país consiga ter a capacidade de estabelecer a ligação entre as ilhas e poder servir da melhor forma a população com preços aceitáveis, já que a tarifa que é praticada actualmente no país é exagerada.
Já o representante do Movimento para a Democracia (MpD) no programa, o deputado Vander Gomes, preferiu destacar as vantagens desse regresso dos TACV ao mercado doméstico e negou que haja retrocesso nas políticas do Governo .
“É mais uma alternativa no mercado para servir os cabo-verdiano e quem procura o país, maiormente os turistas que têm procurado cada vez mais Cabo Verde. E com todas as perspectivas que temos em termos do aumento dessa procura, queremos ultrapassar um milhão de turistas no ano de 2024, mas por isso temos que ter essa capacidade de dar a satisfação, no que seja a qualidade do serviço prestado a nível doméstico”, sustentou.
O representante do partido que sustenta o Governo afirmou que essa medida vai facilitar a Cabo Verde Airlines no escoamento dos seus passageiros que vêm de outros países, trará mais competitividade ao mercado nacional.
“Portanto, eu não vejo que seja um retrocesso, e certamente não é um retrocesso nas políticas do governo. É sim uma demonstração de uma grande capacidade. A capacidade deste governo é encontrar soluções rápidas e eficazes”, afirmou.
A TACV regressa ao mercado doméstico, depois de sete anos da retirada para se dedicar exclusivamente aos voos internacionais. Para este regresso a companhia de bandeira alugou um ATR 72 600 da Air Senegal que está autorizado pela Agência de Aeronáutica Civil para realizar voos apenas para os aeroportos da Praia, São Vicente, Sal e Boa Vista.
Comentários