José Gonçalves diz que liquidação da TACV custaria 181 milhões de euros
Economia

José Gonçalves diz que liquidação da TACV custaria 181 milhões de euros

O ministro do Turismo e Transportes cabo-verdiano disse esta quarta-feira, 13 de março, que a liquidação da TACV, a transportadora aérea nacional, custaria 181 milhões de euros, entendendo, por isso, que a privatização foi conseguida "com mestria e em tempo recorde".

"A única alternativa para a TACV, outra que a privatização, era a liquidação. A nossa estimativa é que a opção de liquidação iria custar ao povo de Cabo Verde mais de 20 milhões de contos (181 milhões de euros)", disse o ministro do Turismo e Transportes, José Gonçalves, no parlamento cabo-verdiano, no início do debate da primeira sessão ordinária de março.

"Isto é dinheiro sério e implicava uma hipoteca de gerações presentes e futuras, a pagar mais de 36 mil contos (326 mil euros) por cada um dos estimados 550 mil habitantes de Cabo Verde hoje", reforçou o ministro.

Depois de um ano e meio de gestão, o Estado vendeu 51% da TACV, por 1,3 milhões de euros, à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses, que irá injetar mais seis milhões de euros para a capitalização da empresa, segundo o Governo cabo-verdiano.

Com cerca de 500 trabalhadores, a TACV custava um milhão de euros por mês aos contribuintes e, em 2015, tinha uma dívida de mais de 100 milhões de euros, segundo o Governo.

Para José Gonçalves, caso a empresa fosse liquidada, Cabo Verde ficaria sem uma companhia de bandeira com 60 anos, sem o conhecimento num dos setores mais dinâmicos do país, representando ainda o desemprego para muitos dos trabalhadores.

"A liquidação dos TACV nunca foi opção deste Governo. Defendemos sempre, e em todas as instâncias, a opção de ressuscitar e recuperar a empresa e desenvolver os transportes aéreos", salientou o governante.

O ministro que tutela a pasta do Transportes sublinhou a reestruturação da TACV durou quase três décadas e "sem resultados palpáveis", mas o atual Governo encontrou a solução para a empresa "com mestria e em tempo recorde de três anos".

O deputado e líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, partido que suporta do Governo), Rui Figueiredo Soares, reforçou a posição do ministro, dizendo que as soluções para a TACV e para os transportes inter-ilhas foram dois "grandes êxitos" e "decisões corajosas".

"O Governo acaba de lançar bases sólidas para a resolução de dois crónicos problemas, que estavam a entravar o desenvolvimento do país", apontou Rui Figueiredo Soares.

Durante o debate, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, o maior partido da oposição) voltou a apontar ilegalidades, falta de transparência e não proteção do interesse público no processo de privatização da companhia aérea cabo-verdiana.

A deputada e presidente do partido, Janira Hopffer Almada, notou que tudo começou com o "desmantelamento" das ligações inter-ilhas da TACV pelo atual Governo, entregando o mercado doméstico à Binter, alertando que até hoje não se sabe o que foi negociado entre as partes.

"Os preços aumentaram, a concorrência desapareceu, as falhas de serviços agravaram, as ilhas ficaram mais distantes, porque as ligações ponto a ponto passaram a ser uma raridade, não se acautelou o transporte de doentes", enumerou a ex-líder parlamentar do PAICV.

Sobre a privatização da companhia de bandeira nacional, a deputada entendeu que há um "conflito de interesses" pelo facto de a mesma empresa que a geriu durante um ano e meio ter sido a mesma que a comprou a "preço de rifa".

O deputado e presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro, disse que foi um "péssimo negócio".

O deputado do partido que requereu o debate salientou que preferia que a TACV fosse "dada de mão beijada" à Lofleidir Cabo Verde ou que fosse "vendida por um dólar", mas que esta assumisse o passivo da empresa, e não o Estado.

O também deputado da UCID João Santos Luís reforçou, dizendo que ainda há muitas coisas por esclarecer no contrato de compra e venda da TACV, sobretudo a situação dos trabalhadores, que "andam aflitos", ou a reposição do voo de São Vicente para a Europa.

Com Lusa

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