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Empresa checo-cabo-verdiana prevê 6 milhões de euros para começar a produzir aviões em Cabo Verde
Economia

Empresa checo-cabo-verdiana prevê 6 milhões de euros para começar a produzir aviões em Cabo Verde

A empresa checo-cabo-verdiana, presidida por Mónica Sofia Duarte prevê um investimento inicial de seis milhões de euros para começar a produzir aviões em Cabo Verde para depois vendê-los ao mercado africano.

“Venho elaborando este projeto já há dois anos, criei a empresa Aeronáutica Checo-Cabo-verdiana, empresa que irá produzir os aviões da Orličan e Air Craft Industries em Cabo Verde”, começou por explicar Mónica Sofia Duarte, diretora executiva da empresa criada recentemente na República Checa.

Mónica Duarte é também vice-presidente da Câmara do Comércio Checo-Cabo-verdiana, criada em abril de 2020, e que na semana passada realizou, na cidade da Praia, a primeira feira de negócios entre os dois países, onde lançou a ideia de começar a produzir pequenas aeronaves em Cabo Verde.

A responsável indicou que vai iniciar já no início do próximo com a instalação da fábrica, na cidade da Praia, perto do atual aeroporto internacional. “Um lugar estratégico”, frisou, dando conta que a empresa já tem dois hectares de terrenos para implementar o projeto nesse local.

Segundo a promotora, será necessário na primeira fase um investimento de cerca de seis milhões de euros, enquanto a implementação e a fabricação dos primeiros aviões com o ‘know-how’ e a licença da Orličan demoram cerca de três anos até à produção dos primeiros cinco.

“Pretendemos levar técnicos cabo-verdianos para se estagiarem na fábrica da Orličan [produtora de suplementos para pequenas aeronaves desde 1935] na República Checa e fabricar depois em Cabo Verde. O processo e a qualidade serão os mesmos que os dos aviões feitos na Europa”, salientou na entrevista à Lusa.

Quanto aos aviões da Air Craft Industries L410, indicou que inicialmente serão revendidos somente no mercado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), mas posteriormente não descarta a hipótese de fabricá-los ou montá-los em Cabo Verde.

“Cabo Verde como porta dos investidores checos a África” foi o lema da feira, daí a diretora executiva da Aeronáutica Checo-cabo-verdiana justificar a intenção de entrar no mercado da CEDEAO a partir de Cabo Verde.

“Temos parceiros em outros países de África como a Tunísia e a África do Sul que estariam disponíveis a colaborarem connosco como forma ou caminho seguro e eficiente para o mercado europeu. A posição geográfica de Cabo Verde, a estabilidade política, os incentivos da parte do Governo para com os investimentos externos são fatores imprescindíveis para motivarem os empresários a apostarem em Cabo Verde”, apontou a engenheira física e empreendedora cabo-verdiana, natural de Santa Cruz, norte da ilha de Santiago, residente há vários anos na Chéquia.

Neste momento, referiu que a Câmara de Comércio Checo-cabo-verdiana já esta a articular todos os passos necessários com a Cabo Verde TradeInvest para a implementação do projeto que considera “será uma mais-valia para Cabo Verde”, uma vez que algumas das aeronaves vão ficar no arquipélago para ajudar a resolver o problema dos transportes aéreos.

“Acredito neste projeto, por isso faço este apelo aos jovens cabo-verdianos, chegou o momento de tomar atitudes, o mundo está cheio de boas ideias e de oportunidades, mas o sucesso vem apenas por meio da ação. A maneira mais fácil de iniciar algo é deixar de apenas falar e começar a agir. Isso vale também para o seu sucesso”, incentivou Mónica Duarte, 30 anos, mestre em Finanças Corporativas pela Universidade de Finanças e Administração da República Checa, e que nos últimos anos já realizou vários projetos em Cabo Verde.

Entre elas está a criação da Fundação Nadeje em Santa Cruz, para ajudar crianças, jovens e mulheres desfavorecidas, realizou em maio de 2021, em Praga, o primeiro Fórum de Investimento entre os dois países, apoiou Cabo Verde com ventiladores, máscaras, respiradores, entre outros materiais de combate à covid-19, avaliados em 120 mil euros.

Licenciada em Engenharia Física Tecnológica pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, filantropa, Mónica Duarte iniciou-se muito cedo no mundo da moda, como modelo, tendo posteriormente fundado uma marca de roupas, calçado e acessórios com o próprio nome, e tem sido um dos entusiastas para o fortalecimento das relações entre os dois países.

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