A transportadora aérea angolana TAAG vai fornecer um Boeing 737-700 em regime de ‘leasing’ à sua homóloga cabo-verdiana TACV, anunciou hoje, na Praia, o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Abreu, admitindo alargar este negócio a outros países.
“É um primeiro passo que estamos a dar com a TACV, não excluímos a integração de outros países, mesmo no contexto regional ou até no contexto dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa [PALOP], mas começa aqui uma nova etapa da nossa relação bilateral e com outro nível de efetividade”, anunciou o ministro angolano, após a realização da reunião da VIII Comissão Mista Cabo Verde – Angola.
A reunião, presidida pelos chefes da Diplomacia dos dois países, realizou-se no quadro do reforço das relações de amizade e de cooperação entre Cabo Verde e Angola e antecede a visita de Estado ao arquipélago do Presidente da República Angolana, João Lourenço, de 13 a 16 de março.
De acordo com o ministro dos Transportes de Angola, a companhia aérea estatal TAAG vai ceder, em regime de ‘leasing’, um dos seus Boeing 737-700 de “nova geração” para permitir à TACV retomar as suas rotas – apenas opera voos internacionais –
, após o impacto da pandemia de covid-19, com as duas companhias a implementarem um “casamento” que prevê envolver também a exploração dos ‘hubs’ aéreos do Sal (Cabo Verde) e de Luanda.
“Temos aí, do ponto de vista da efetividade, a materialização desse nosso compromisso, a partir do qual outros desafios poderão ser concretizados e também desenvolvidas outras oportunidades na materialização deste casamento entre a TACV e a TAAG”, sublinhou.
De acordo com informação da TAAG, a companhia angolana opera vários Boeing 737 com capacidade para 120 passageiros, essencialmente nas rotas domésticas, que está a substituir por seis Dash 8-400 turbo hélice.
Segundo Ricardo Abreu, além deste entendimento entre as duas companhias aéreas estatais, a assinar durante a visita de Estado do Presidente angolano, serão ainda fechados acordos, na área dos transportes, de serviços aéreos “atualizados”, sobre o mercado único em África, o primeiro que Angola assina “nestes termos”, e um memorando de entendimento entre os dois ministérios, para troca de experiências e formação, bem como um outro entre as autoridades de aviação civil dos dois países.
Questionado pelos jornalistas, Ricardo Abreu não adiantou prazos para a retoma de voos diretos entre Angola e Cabo Verde, interrompidos desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020: “Mais importante que os voos diretos é termos as companhias aéreas com capacidade para responderem àquilo que forem as necessidade comerciais”.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse em 26 de janeiro, no parlamento, que a parceria em negociação com Angola e companhia angolana TAAG deverá envolver aeronaves Boeing 737, para melhorar a performance da companhia cabo-verdiana TACV.
O chefe do Governo admitiu que a retoma da operação da TACV em dezembro, após 21 meses sem voos devido à pandemia de covid-19, foi feita com um Boeing 757 em regime de ‘leasing’.
“Tem de facto problemas de ‘performance’”, admitiu Ulisses Correia e Silva, quando questionado pelos deputados da oposição, justificando o recurso àquela aeronave, que está a garantir ligações semanais entre a Praia e Lisboa, por ter sido a mesma que já operou em 2016 e para a qual já havia licenciamento para operação.
“Vai ser substituído por Boeing 737, nomeadamente na parceria que estamos a trabalhar com Angola, para garantir aviões com mais ‘performance’”, disse ainda Ulisses Correia e Silva.
O chefe do Governo acrescentou naquela altura que essa aeronave visa “essencialmente” servir os voos para os países da Europa, dado o alcance limitado, e prevê a aquisição de uma aeronave no segundo semestre deste ano para as ligações para Boston (Estados Unidos da América).
A Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) foi privatizada pelo Governo em 2019, com a venda de 51% do capital social a investidores islandeses, e renacionalizada em 2021 por decisão do Governo, na sequência da pandemia de covid-19.
A TACV retomou as operações na rota Lisboa - Praia em 27 de dezembro, coincidindo com o 63.º aniversário da companhia aérea cabo-verdiana, depois de um interregno iniciado em março de 2020, na sequência das limitações internacionais impostas para conter a pandemia.
Entretanto, a companhia alargou as operações semanais de Lisboa para o Mindelo, ilha de São Vicente, e da capital portuguesa para o Sal.
No final de dezembro, após assembleia-geral extraordinária, a presidente da companhia, Sara Pires, previu também o regresso dos voos entre Praia e Boston (Estados Unidos da América), no segundo trimestre.
Ainda durante este ano, Sara Pires avançou que a transportadora de bandeira cabo-verdiana pretende retomar ligações a Paris e ao marcado brasileiro.
A companhia retomou as operações com um avião, com duas ligações semanais Praia–Lisboa, mas segundo a presidente deverá introduzir um novo aparelho no segundo trimestre deste ano e até final de 2023 ter três aviões a voar com as suas cores.
Todo este plano de retoma, alertou, está condicionado pela situação da pandemia de covid-19 neste momento, com o recrudescer de casos novos não só em Cabo Verde, com a circulação da variante Ómicron.
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