As contas públicas de Cabo Verde registaram um défice de 1.049 milhões de escudos (9,5 milhões de euros) em janeiro, equivalente a 0,6% do PIB estimado para 2022, segundo dados do Ministério das Finanças.
De acordo com o relatório síntese da execução orçamental de janeiro, a que a Lusa teve hoje acesso, este desempenho continuou a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, mas com as receitas a subirem, 12,1% face a janeiro de 2021, bem como as despesas, em 16,8%.
O défice equivalente a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro compara com o défice de 0,4% no mesmo mês de 2021, então de 696 milhões de escudos (6,3 milhões de euros), segundo os dados do relatório.
No Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2022, o Governo inscreveu uma previsão de défice das contas públicas de 6,1% de um PIB - toda a riqueza produzia no país – esperado acima de 188.945 milhões de escudos (1.705 milhões de euros), face aos 176.960 milhões de escudos (1.597 milhões de euros) projetados para 2021, resultando num crescimento económico de até 6% este ano.
O vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, afirmou em 03 de novembro, no parlamento, que o Orçamento de 2022 será um dos "mais desafiantes da história" do arquipélago, devido à crise económica provocada pela pandemia, preparado num "cenário de grandes incertezas".
As contas públicas de Cabo Verde registaram um défice superior a 14.371 milhões de escudos (130 milhões de euros) em 2021, equivalente a 8,1% do PIB estimado, mas abaixo do previsto, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças.
De acordo com o relatório da Conta Provisória do Estado no quarto trimestre, este desempenho continuou a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, embora com uma recuperação nas receitas totais, mais 1,8% face a 2020, e um aumento de 0,5% nas despesas.
O défice de 8,1% até dezembro compara com o défice de 8,9% no mesmo período de 2020, segundo os dados do mesmo relatório.
Segundo previsão anterior do Governo, o défice das finanças públicas de Cabo Verde deveria ascender a 9,6% do PIB em 2021, conforme inscrito no Rolamento do Estado Retificativo, aprovado em julho passado e ainda fortemente influenciado pela crise sanitária e económica provocada pela pandemia.
Cabo Verde inverteu em 2020 – défice de 9,1% do PIB - a tendência decrescente dos seis anos anteriores, de diminuição do défice das contas públicas, segundo dados anteriores do banco central.
Nos últimos 10 anos, o saldo das contas públicas (anual) de Cabo Verde foi sempre deficitário, com picos em 2012 (-10,3% do PIB) e 2013 (-9,3% do PIB), descendo até ao mínimo de -1,8% do PIB em 2019, antes da crise provocada pela pandemia.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do PIB do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. O Governo admite que a economia possa ter crescido 7,2% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.
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