A 14.ª edição do Kriol Jazz festival entrou no seu segundo dia com uma programação vibrante e repleta de talento internacional e local, consolidando-se como um dos maiores eventos de música de Cabo Verde.
A noite foi marcada por actuações memoráveis de artistas de renome, que levaram o público numa viagem sonora única, entre fusões de jazz, música tradicional cabo-verdiana e sonoridades contemporâneas.
A primeira apresentação da noite ficou a cargo de Mário Lúcio, um dos maiores nomes da música cabo-verdiana, que emocionou o público com o seu inconfundível estilo que mistura funaná, ladainha, morna e batuque tradicional.
“Toquei na primeira edição e, com o Tcheka, na segunda, e fomos construindo aos poucos. Então, voltar aqui muitos anos depois, e por ocasião do cinquentenário da independência de Cabo Verde — como gosto de chamar a independência — tem um sabor de compensação”, afirmou Mário Lúcio.
Seguiu-se o grupo Mario Canonge Trio, da Martinica, liderado pelo pianista de jazz francês Mario Canonge, que envolveu o público numa fusão intensa de jazz, groove e ritmos caribenhos, acompanhado por Michel Alibo no baixo e Arnaud Dolmen na bateria.
“Primeiramente, estou muito feliz por estar aqui em Cabo Verde. Sou da Guadalupe e sinto-me como se estivesse em casa. É a segunda vez que venho à Praia, e para mim é um prazer vir com o Mario Canonge Trio, fazer parte do projecto crioulo e conhecer tantos músicos de Cabo Verde”, disse Michel Alibo.
O terceiro artista a subir ao palco foi Sona Jobarteh, da Gâmbia, com o seu instrumento musical chamado kora, uma harpa de 21 cordas da África Ocidental, tradicionalmente tocada apenas por homens. Sona, contudo, decidiu quebrar essa tradição.
“É a minha primeira vez. Por isso, este é um momento especial para mim. É um lugar onde queria vir há muito tempo. Estou muito orgulhosa por estar aqui”, sublinhou a artista.
Sona falou sobre o seu instrumento, descrevendo-o como único e difícil de explicar em termos simples. Referiu também à mensagem de igualdade que transmite ao mundo, enfatizando que não se trata apenas de uma luta feminina, mas de uma busca por justiça e reconhecimento para todos os seres humanos.
A artista emocionou-se ainda ao falar da presença do seu filho em palco, mencionando que, como mãe, ver a próxima geração a dar continuidade às tradições musicais é algo muito especial e significativo.
Para encerrar a noite, subiu ao palco o sexteto Sixun, uma das principais bandas de fusão europeias dos anos 80 e 90, com uma actuação vibrante que misturou melodias e ritmos como afro-jazz-funk.
Segundo Alain Debiossat, um dos integrantes do grupo, o mais importante, seja no início ou no fim do espetáculo, é a energia do público, que permanece presente até de madrugada, demonstrando uma verdadeira paixão pela música.
Alain descreveu a música do grupo como uma fusão, destacando os desafios e a beleza de tocar num grupo com seis elementos, onde todos contribuem com ideias e, no final, se divertem em palco.
Sobre a música de Cabo Verde, expressou a sua admiração especial pelas composições de Boy Gé Mendes, Teófilo Chantré e Cesária Évora.
O encerramento do festival acontece hoje, sábado, com actuações da artista cabo-verdiana Nancy Vieira, Michelle David and The True Tones (EUA), Las Karamba (Espanha) e o músico angolano Bonga, que será o responsável por encerrar oficialmente o evento.
Comentários
Miranda, 14 de Abr de 2025
Porque não descongestionar o kriol Jazz.?
Porquê não faze- lo no Sal ou em S.Vicente.?
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