Durante o workshop sobre propriedade intelectual na era digital, realizado hoje na Praia, no âmbito do Atlantic Music Expo (AME), Dino d’Santiago alertou para a falta de consciência sobre os direitos dos artistas no cenário digital.
O músico luso-cabo-verdiano sublinhou que as plataformas digitais geram lucros com as criações dos artistas, mas muitas vezes estes não recebem a compensação devida, destacando a importância de uma maior protecção e valorização da cultura cabo-verdiana.
Para Dino d’Santiago, muitos criadores, especialmente jovens, não têm plena noção de que as suas produções online, como canções e vídeos, podem gerar grandes lucros para as plataformas, enquanto os próprios artistas não recebem compensação adequada pelos seus trabalhos.
O artista exemplificou a situação de um jovem músico de Santiago, que, apesar de atingir milhares de visualizações no YouTube, não consegue registar a sua música em Cabo Verde devido à falta de uma infra-estrutura que permita o pagamento dos direitos autorais directamente no país.
Como resultado, a música é registrada em países como a Turquia, que têm maior população e infra-estrutura, enquanto o criador cabo-verdiano não recebe a compensação devida.
"Há uma máquina gigante a receber com aquilo que nós produzimos e deixamos nas plataformas digitais, mas o criador, muitas vezes, não tem consciência de que está a gerar dinheiro para essas entidades. Isso empobrece a nossa arte e cultura, enquanto as grandes multinacionais continuam a enriquecer", afirmou Dino d’Santiago.
O artista também destacou a relevância do workshop e do AME no fortalecimento da cultura cabo-verdiana, sobretudo no contexto da globalização.
Para ele, o evento proporciona uma oportunidade única de conectar a música cabo-verdiana com mercados internacionais e reforçar a importância da protecção da propriedade intelectual, para garantir que os criadores se beneficiem adequadamente do seu trabalho.
"No AME, estamos a falar da nossa cultura, da nossa história materializada em música, que pode chegar aos mercados internacionais, como a Europa, América ou Ásia. No entanto, é fundamental que preservemos a nossa identidade cultural e, ao mesmo tempo, saibamos negociar no mercado global", frisou.
Dino d’Santiago também sublinhou a importância de iniciativas como o AME para sensibilizar os governos e os criadores sobre a necessidade de um sistema eficiente de gestão e protecção dos direitos de autor, de modo a garantir que a arte e a cultura cabo-verdiana sejam valorizadas no cenário global.
O Atlantic Music Expo (AME) 2025 é a maior feira de música transatlântica, que começou nesta segunda-feira, 07, e vai até quinta-feira, 10, com uma série de conferências e espectáculos que envolvem participantes nacionais e internacionais.
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