Trabalhadores da empresa espanhola de processamento de pescado Atunlo, na ilha de São Vicente, pediram hoje "socorro" ao Governo, exigindo respostas sobre o futuro da fábrica.
"Era importante sentarmo-nos com o ministro [do Mar] para ele dar alguma informação. Pedimos socorro: o Governo tem de se lembrar que os trabalhadores são cabo-verdianos e que estamos na nossa terra", numa crítica aos donos espanhóis da Atunlo, afirmou Heidi Ganeto, representante sindical, em declarações aos jornalistas.
O representante falava durante uma concentração de cerca de duas dezenas de trabalhadores, na cidade do Mindelo, que exibiram cartazes apenas com a sigla "SOS".
Heidi Ganeto explicou que, devido ao vínculo contratual com a empresa, os trabalhadores não conseguem procurar outros empregos.
"Queremos saber se naquele espaço há alguma garantia de que alguns bens possam ser vendidos para pagar as indemnizações, pois a empresa não tem dinheiro no banco", acrescentou.
O sindicalista afirmou que os trabalhadores estão há quatro meses sem receber salários e que, desde o início deste mês, as contribuições para o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foram suspensas.
"O que mais nos preocupa nesta situação é que não temos nenhuma resposta, nem da empresa, nem do Governo", disse, avançando que, em dezembro, os trabalhadores tiveram um encontro com o ministro do Mar, que prometeu uma solução, que ainda não surgiu.
"Já fizemos vários contactos e, até hoje, não fomos atendidos pelo ministro. Aquele espaço pode estar a ser ocupado por outras empresas e os trabalhadores ficam aqui, sem saber do futuro da Atunlo", referiu.
Ainda em dezembro, os trabalhadores decidiram avançar em tribunal com um pedido de despedimento por justa causa.
As atividades da Atunlo foram suspensas em fevereiro de 2024 e os 210 trabalhadores colocados em 'lay-off' (suspensão dos contratos de trabalho), recebendo metade do salário, devido a um processo de falência voluntária em Espanha, onde a empresa já tinha iniciado despedimentos.
Vários trabalhadores com anos de antiguidade reclamam indemnizações, enquanto outros foram obrigados a prescindir dos seus direitos para aceitarem empregos que sustentem as famílias.
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