Cerca de 140 mil pessoas podem estar em situação de vulnerabilidade nutricional aguda, se não chover em Cabo Verde, até ao final deste ano de 2018.
A previsão é do Escritório das Nações Unidas para Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), cuja missão se encontra em Cabo Verde para uma avaliação multissectorial dos impactos socioeconómicos da seca que assola o país, e elaborar um plano de respostas para os sectores sociais como a saúde, a nutrição e a educação.
Segundo o director nacional da Política Externa, Júlio Morais, que hoje esteve reunido com os integrantes de missão para conhecer os resultados preliminares da avaliação, os dados mostram que as ameaças são muito maiores do que aquilo que o Governo estava a pensar.
“São cerca de 140 mil pessoas que podem estar em situação de vulnerabilidade nutricional, o que representa cerca de um termo de população cabo-verdiana. Neste momento temos 36 mil e isto estava nas nossas contas. Agora aumentou para quatro vezes para o fim de ano e caso não chover isso é catastrófico”, disse.
Conforme adiantou essa situação leva o Governo e emitir um alerta e a solicitar outros apoios junto de parceiros internacionais no sentido de mitigar os impactos sociais dessa seca que assola o país.
“O que nós estamos a fazer agora é salvar os animais, apoiar os agricultores, criar empregos, mas há outro lado, o lado humano que está por detrás e é isto que esta missão veio atacar”, disse adiantando que quando o Governo tiver esse plano de respostas o executivo estará em condições de convocar os parceiros.
De acordo com o porta-voz da missão, Roberto Colombo, do trabalho de terreno constatou-se dois elementos chaves designadamente as dificuldades no acesso à água e ao emprego que permite às pessoas terem rendimento e consequentemente ter acesso à alimentação.
A representante residente do sistema das Nações Unidas, Ulrika Richardson, considera que na questão do acesso á agua, para além da qualidade é preciso uma atenção também a nível da quantidade, sob pena de se por em risco também a saúde da população.
A população cabo-verdiana, conforme frisou, sempre conviveu com a situação da seca, mas para as famílias mais vulneráveis os desafios neste momento são muito maiores.
“Para além de garantir o acesso a alimentos é necessário que têm acesso à diversidade de alimentos e isso tem um impacto também nas famílias mais vulneráveis e depois também tem consequência sobre os níveis de nutrição para as crianças e aparecimento de doenças como a anemia”, disse
Por isso mesmo considera que é importante acções preventivas no sentido de impedir que as previsões apresentadas pela missão se concretizem.
No dia 25 deste mês a missão estará a apresentar o plano de respostas, elaborado na sequência dessa avaliação multissectorial e dar indicações das acções que devem ser realizadas para fazer face a essa situação.
Para além das acções de curto prazo, o plano prevê também acções de longo prazo que têm a ver com a questão da resiliência.
Com Inforpress
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