Câmara Municipal da Praia: o Jogo da força e seus limites
Ponto de Vista

Câmara Municipal da Praia: o Jogo da força e seus limites

Estamos em crer que nesta briga ninguém está a sair-se bem e em nenhum aspecto. Já estamos a pressentir o fim daqueles que pela sorte ou pela negligência dos outros chegaram ao poder. Entretanto, acreditamos que se tiverem boa assessoria e sabedoria suficiente para lidar com situações que já vislumbram extremas, podem ainda sair do aperto em que, sozinhos, se meteram. Mas, dúvidas não existem em como a nossa Câmara Municipal está doente e em um momento inoportuno. Daí deixamos o seguinte apelo aos nossos eleitos: (i) evitem que venham a ser derrubados pelas mesmas forças que vos haviam transformados eleitos poderosos; (ii) aproveitem a ocasião que vos foram oferecidas e aprendam a galgar os degraus do poder que se vos apresentem pela frente mesmo tragado pela força da contingência; (iii) demonstrem que não chegaram aonde chegaram pelas conjeturas do acaso; e (iv) provem que, enquanto atores políticos, possuem capacidades de agir de forma adequada em momentos adversos.

No passado, muito se tem dito e escrito sobre os desgovernos nas Câmaras Municipais, com severas críticas a gestões que se consideravam inadequadas por parte de alguns presidentes. Uma breve consulta ao dicionário Porto Editora, de entre as várias definições dadas, pode-se encontrar “desgovernar” como sendo: governar ou administrar mal, ou portar-se mal.  

Hoje, o nosso olhar incide sobre o que se tem chegado à “praça pública”, relativamente aos atos de governação da Câmara Municipal da Praia. Todos sabemos que essa Câmara constitui uma organização político-administrativa das mais importantes de Cabo Verde. Outrossim, por ser o Município mais populoso e da cidade capital do país, almeja-se que seja o ente que deve melhor atender às demandas da sociedade praiense, não só por estar mais perto de seus problemas, e, em tese, de suas resoluções mas, sobretudo, pela expectativa criada durante as eleições de outubro passado.

A nova equipa camarária deve perceber que os praienses atribuíram-lhe mais responsabilidades do que a equipa anterior. Devem, também, estar cientes da sua missão de responder ao interesse público como a vontade geral, a vontade do povo.

Entrementes, nos últimos meses, têm-se assistido a brigas internas que demonstram claramente que alguns eleitos não estão preocupados em resolver os problemas que afetam a sociedade à qual devem representar, mas sim a seus interesses e egos pessoais.

É nosso entendimento que esse jogo de forças corresponde, também, na visão do povo, que foi persuadido e enganado. Essa briga, incessante e sem fim à vista, pode demonstrar, tão simplesmente, que embora esses eleitos tenham chegados ao poder pelas mãos do povo seja, talvez, por pura sorte e estejam completamente impreparados para governar. Assim, por um lado, talvez, estejam a dar provas de que não são merecedores da confiança do povo. Por outro, manifestam enormes dificuldades em conservar e manter no poder.

Refletindo ainda um pouco mais sobre a postura dos eleitos da Câmara Municipal da Praia percebe-se, facilmente, como todas as partes acusam suas fraquezas. Até parece que esses nossos “profetas desarmados” não conhecem a orgânica da própria Câmara, nem os Estatutos do Munício, e convenceram os praienses a seguir um “novo caminho” que nem eles próprios conheciam. De todo modo, precisam entender que a natureza do povo e dos cabo-verdianos é mutável. Assim, se foi fácil enganá-los de uma maneira, difícil será mantê-los convencidos.

Estamos em crer que nesta briga ninguém está a sair-se bem e em nenhum aspecto. Já estamos a pressentir o fim daqueles que pela sorte ou pela negligência dos outros chegaram ao poder. Entretanto, acreditamos que se tiverem boa assessoria e sabedoria suficiente para lidar com situações que já vislumbram extremas, podem ainda sair do aperto em que, sozinhos, se meteram. Mas, dúvidas não existem em como a nossa Câmara Municipal está doente e em um momento inoportuno. Daí deixamos o seguinte apelo aos nossos eleitos: (i) evitem que venham a ser derrubados pelas mesmas forças que vos haviam transformados eleitos poderosos; (ii) aproveitem a ocasião que vos foram oferecidas e aprendam a galgar os degraus do poder que se vos apresentem pela frente mesmo tragado pela força da contingência; (iii) demonstrem que não chegaram aonde chegaram pelas conjeturas do acaso; e (iv) provem que, enquanto atores políticos, possuem capacidades de agir de forma adequada em momentos adversos.

Para terminar, deixamos o seguinte ensinamento de Maquiavel: “Nada é mais constante do que essa verdade: tudo o que existe no mundo tem limites em sua duração. Os governantes que herdam o poder já legitimado por uma longa prática, e que têm a ilusão de que nunca serão destituídos, são muitas vezes derrotados exatamente porque não se prepararam para situações difíceis, confiando na estabilidade das coisas humanas”.

Um bem-haja a todos e boa reflexão!

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