José Maria Neves quer que os emigrantes cabo-verdianos sejam vistos "além das remessas"
Política

José Maria Neves quer que os emigrantes cabo-verdianos sejam vistos "além das remessas"

O candidato às eleições presidenciais em Cabo Verde, José Maria Neves, está em Paris para falar com a diáspora cabo-verdiana e quer que os imigrantes sejam vistos além da contribuição económica, querendo-a mais participativa.

"Temos de ver a diáspora para além das remessas e dos investimentos. Temos centenas de médicos, investigadores, professores, universitários e precisamos de pôr todas estas competências ao serviço de Cabo Verde", disse José Maria Neves, em declarações à agência Lusa.

Após um périplo por São Tomé e Príncipe, Senegal, Estados Unidos e Portugal, José Maria Neves chegou a França esta semana de forma a encontrar-se com uma das maiores comunidades cabo-verdianas no Mundo. Após Nice, o candidato rumou a Clichy, nas imediações de Paris, onde reuniu dezenas de pessoas, num encontro com transmissão também na Internet.

"É preciso recensear a diáspora, criar uma grande rede de cabo-verdianos espalhados pelo Mundo e implicá-los mais nos diferentes domínios da vida política, económica e social no país", afirmou o candidato, reconhecendo que é ainda "difícil" levar os imigrantes a votar fora do país.

Perante os seus apoiantes, José Maria Neves avisou que esta eleição "é crucial" e "extraordinariamente importante", mencionando que a pandemia de covid-19 veio mostrar problemas em termo de educação e saúde no país.

Quanto aos transportes, que primeiro devido à interdição de voos e depois devido à renacionalização da Cabo Verde Airlines, afetaram a comunidade cabo-verdiana em França, José Maria Neves lembrou que o Presidente é "árbitro" neste problema.

"O Presidente não é Governo, o Presidente é árbitro, mas pode ter um papel importante no aconselhamento. Pode servir de ponte para construção de consensos sobre estas matérias. Há um momento de crise nos transportes internos e internacionais", referiu.

Prestes a entrar no período oficial de campanha eleitoral, José Maria Neves diz que a denúncia de Péricles Tavares, acusando-o de ter nacionalidade portuguesa, não podendo assim candidatar-se a Presidente, não o preocupou e que o fez sorrir.

"Eu esbocei um grande sorriso porque é um 'fait divers' que surgiu na campanha, mas nunca tive outra nacionalidade que a nacionalidade cabo verdiana e, portanto, é uma denúncia que não me preocupou. A campanha já está no terreno, as candidaturas já foram aceites pelo Tribunal Constitucional, ninguém apresentou nenhum aspeto anticonstitucional, portanto as coisas estão a funcionar regularmente", comentou.

Partindo para uma campanha "atípica" devido à pandemia, José Maria Neves diz que a sua equipa está a "fazer o seu melhor" para chegar aos eleitores.

"Estamos a tentar fazer o nosso melhor. Estar com as pessoas, respeitando as regras sanitárias e todas as restrições e, através das redes sociais, tentar mitigar os efeitos desse distanciamento. É uma campanha atípica", concluiu.

Cabo Verde realiza eleições presidenciais em 17 de outubro de 2021 - depois de autárquicas em outubro de 2020 e legislativas em abril passado -, às quais já não concorre Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.

O Tribunal Constitucional anunciou, em 24 de agosto, que admitiu as candidaturas a estas eleições de José Maria Pereira Neves, Carlos Alberto Wahnon de Carvalho Veiga, Fernando Rocha Delgado, Gilson João dos Santos Alves, Hélio de Jesus Pina Sanches, Joaquim Jaime Monteiro e Casimiro Jesus Lopes de Pina.

 

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