Os directores dos serviços ligados às Operações de Voo e Manutenção da TACV acabam de pedir demissão em bloco, alegando incompatibilidades com o administrador Operacional e Accountable Manager, Helder Cruz. O pedido formal foi aceite esta terça-feira, 28, pelo Conselho do Administração da companhia aérea nacional. Mas há outra versão: os pilotos estarão desapontados porque querem mais aumento salarial de 2,5% e propôem negociar um Acordo de Empresa em que passariam a auferir 1000 contos por mês.
Segundo Santiago Magazine apurou, o director de Operações de Voo, comandante Ivan Vasconcelos Matos, o director de Treino, comandante Gilson Barros, o piloto-chefe, o comandante Décio Semedo (o director de Manutenção, Engenheiro Onildo Carvalho, estará a preparar o seu processo de demissão), pediram para sair porque, supostamente, não querem trabalhar com o administrador Executivo para a área Operacional da companhia, Helder Cruz.
Ao que consta, pelo menos na versão dos pilotos, esses directores não gostaram de saber que Cruz, que já era administrador Operacional na TACV desde a anterior equipa liderada por Sara Pires, foi o escolhido para acumular também a função de Accountable Manager por escolha da Agência de Aviação Civil, entidade a quem o gestor responde por todos os assuntos ligados com o sector operacional, segurança, compliance, e finanças da TACV, enquanto empresa regulada pela AAC.
“A Aeronáutica sempre soube desse atrito, essa incompatibilidade que havia entre o administrador Helder Cruz e os seus directores de serviço, mas não fez nada, pelo contrário o colocou lá e o mantém a exercer mesmo sem confiança da própria equipa que com ele trabalha directamente. Ele não goza de simpatia junto dos seus colaboradores e isso é claro. Por isso, toda a equipa decidiu demitir-se em bloco na semana passada e o mesmo foi aceite esta terça-feira, 28”, revelou fonte de Santiago Magazine, acrescentando que antes outros responsáveis tinham batido com a porta por não se darem bem com Helder Cruz. São eles Edmilson Lubrano, ex-director de Manutenção, e Mário Tavares, ex-director de Qualidade.
Embora alguns dos nossos interlocutores reconheçam que Helder Cruz tenha currículo para ser o novo Accountable Manager, não o reconhecem competência para administrador. "A OMA (Organização Manutenção Aprovada), empresa criada no tempo da gestão da Icelandair dentro da TACV para prestar serviço de manutenção a outras companhias, está sem director há vários meses, desde que Helder Cruz foi nomeado administrador. O então director da OMA, José Ramos, saiu logo e ninguém o substituiu. Porque ninguém quer trabalhar com Helder Cruz", exemplifica uma outra fonte. SM sabe, entretanto, que Ramos terá reconsiderado a decisão e aceitado continuar no cargo.
Helder Cruz integrou a nova equipa gestora, com Pedro Barros, CEO e Presidente, e Nadia Teixeira, Administrador Executivo, desde o ano passado. Em acumulação exerce a função de Accountable Manager, respondendo perante a Aeronáutica Civil.
O outro lado
Até à hora em que este artigo estava a ser editado, Santiago Magazine não conseguiu ouvir o administrador visado, Helder Cruz, nem o presidente do Conselho de Administração, Pedro Barros. Esperamos ter a reação da empresa e da AAC assim que for possível. Entretanto, Santiago Magazine ficou a saber, junto de fonte ligada à administração que as motivações dos pilotos para se demitirem dos cargos de direcção nada tem a ver com alegadas incompatibilidades no relacionamento com o administrador Helder Cruz, e sim com exigências da classe e do sindicato que os representa, o SNPAC, que o Conselho de Administração considera irrealista.
É que, atesta fonte da empresa, os pilotos beneficiaram em Julho do ano passado de uma aumento salarial de 2,5%, com retroactivo aao ano 2022. "Neste momento, estão exigir novo aumento na mesma proporção para este ano", continua o nosso interlocutor, que traz mais uma informação potente: "o que se passa é que há uma proposta de Acordo de Empresa que os pilotos querem discutir, na qual sugerem uma nova tabela salarial em que o seu vencimento ascende a 1000 (mil) contos por mês, e isso o Conselho de Administração diz não tolerar", garante a nossa fonte.
Esse braço-de-ferro, ao que parece, tem colocado a classe dos pilotos e a administração em constante desacordo. Para já, um grupo de comandantes directores de serviço já pediu demissão e o processo foi aceite esta terça-feira, estando a administração já a trabalhar na sua substituição.
Comentários
Jaime dos Santos, 29 de Jan de 2025
A versão dos 1000 contos é uma completa fabricação para distrair do real problema: Helder Cruz. Investiguem como deve ser.
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Manuel Miranda, 29 de Jan de 2025
Agora é que a porca russa torce o rabo . Deus nos acuda.
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