O indicador de confiança no consumidor cabo-verdiano manteve a tendência de queda no primeiro trimestre de 2022, o que acontece há três trimestres consecutivos, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
De acordo com o inquérito ao consumidor, nos primeiros três meses deste ano a confiança das famílias cabo-verdianas voltou a diminuir, comparando com o trimestre anterior e com o período homólogo de 2021.
“Realçando a diminuição da confiança das famílias cabo-verdianas”, refere o INE, no relatório com os dados deste inquérito trimestral.
Segundo os dados do INE, este índice atingiu o ponto mais alto desde o início da pandemia de covid-19 (primeiro trimestre de 2020) no período de abril a junho de 2021, seguindo-se três trimestres consecutivos de quedas.
Questionadas sobre a situação presente e passada, as famílias inquiridas responderam que nos últimos 12 meses, tanto a “situação económica do seu lar como a situação económica do país evoluíram negativamente relativamente ao trimestre homólogo”.
“Na opinião dos inquiridos, os preços aumentaram enquanto o desemprego diminuiu, relativamente ao mesmo período do ano 2021”, aponta o estudo.
No período em análise, a maioria (87,6%) das famílias cabo-verdianas disse que a atual situação económica do país ainda não permite poupar dinheiro, um aumento de 1,4 pontos percentuais em termos homólogos. Por outro lado, 7,8% dos inquiridos afirmaram ser possível poupar algum dinheiro com a atual situação económica, sendo que, no trimestre homólogo, era de 10,1%, apresentando um decréscimo de 2,3 pontos percentuais.
Para os próximos 12 meses, outro indicador analisado no estudo, os consumidores cabo-verdianos perspetivam que tanto a situação financeira das famílias como a situação económica do país “deverão evoluir negativamente face ao trimestre homólogo”.
“Para as famílias inquiridas, tanto o desemprego como os preços deverão diminuir, face ao trimestre homólogo”, lê-se nas conclusões do estudo.
Relativamente à intenção de comprar carro nos próximos 12 meses, 89 em cada 100 entrevistados afirmaram ter a certeza absoluta de que não tencionam fazer esse negócio nos próximos dois anos, quando no trimestre anterior foram 81 a manifestar a falta de condições para essa compra.
Sobre a intenção de comprar ou construir uma casa no próximo ano, 13,7% dos inquiridos afirmaram que, provavelmente, irão construir ou comprar uma casa, contra 27% no período homólogo.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do PIB do arquipélago – desde março de 2020, devido às restrições impostas para controlar a pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento económico de 7% em 2021, impulsionado pela retoma da procura turística no quarto trimestre.
Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022.
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