Agricultores de Flamengos e João Dias vêem nova virada na agricultura e clamam por apoio das autoridades
Economia

Agricultores de Flamengos e João Dias vêem nova virada na agricultura e clamam por apoio das autoridades

Os agricultores das localidades de Flamengos e João Dias, que beneficiam da água da barragem de Flamengos, afirmam estar vivenciando uma nova fase na agricultura e pedem apoio das entidades competentes para maximizar o uso desse recurso.

Numa visita às ribeiras, a Inforpress conversou com Manuel Garcia, um experiente agricultor de 59 anos, que há mais de 40 anos se dedica à produção agrícola.

Segundo ele, a Ribeira de Flamengos está a apresentar um volume de água inédito, o que traz a “esperança de transformação” para a vida dos agricultores da região.

“É a primeira vez que temos essa quantidade de água, e isso representa uma virada significativa para todos nós”, afirmou.

Garcia enfatizou a necessidade de mais investimentos para optimizar a utilização da água disponível, ressaltando que apesar de conseguir cultivar cana-de-açúcar e banana em grande escala, a sua verdadeira paixão é a horticultura, que oferece um retorno financeiro mais rápido.

Contudo, foi a invasão de pragas, como a galinha-do-mato, que o forçou a mudar as suas práticas agrícolas.

Actualmente, Manuel abastece o mercado de Assomada e, embora não enfrente dificuldades no escoamento dos produtos, tem ajustado os seus preços devido ao baixo poder aquisitivo da população, que tem sido afectada pela escassez de empregos e anos consecutivos de seca.

Além de cultivar, Garcia também se dedica à criação de animais, como galinhas, patos, bovinos, caprinos e carneiros, todos em fase de crescimento e contou que neste momento, emprega quatro trabalhadores fixos.

Mas, enfatizou que assim como outros agricultores, ele também enfrenta a escassez da mão-de-obra devido à emigração.

Neste momento, informou que os trabalhadores recebem 700 escudos por um turno de trabalho, das 08:00 às 12:00, pois, muitas vezes precisam buscar outras fontes de renda nas suas próprias propriedades.

O agricultor solicitou ao Ministério da Agricultura um maior suporte técnico, não apenas para ajudar na produção, mas também para orientar sobre o uso seguro de produtos químicos, evitando riscos à saúde pública.

“Muitos agricultores não respeitam os intervalos de segurança e isso é preocupante”, alertou.

Outra agricultora, Francisca Gomes, compartilhou a sua experiência. Ela, que cresceu na agricultura, viu as suas terras inundadas pela água da barragem.

Contudo, com a mudança de local de cultivo para áreas mais altas, enfrenta dificuldades para irrigar as suas plantações e é neste sentido que pediu celeridade ao ministério para a instalação de sistemas de irrigação, que foram prometidos, mas ainda não concretizados.

Na sua horta, ela cultiva uma variedade de vegetais, incluindo tomate, mandioca e pimentão, e apesar das dificuldades, expressou a sua satisfação com a abundância de água e a queda nos preços dos produtos.

Ela também mencionou a escassez e o alto custo da mão-de-obra, que varia entre 1.800 escudos e 2000 escudos por dia.

Maria Mendes, agricultora da localidade de João Dias, também compartilhou sua perspectiva positiva em relação à nova realidade agrícola e plantando mandioca, batata-doce e outros vegetais, ela destacou a satisfação da comunidade com a abundância de água na barragem, que promete um futuro mais saudável e próspero.

Os agricultores de Flamengos e João Dias estão determinados a aproveitar essa nova oportunidade, mas pedem apoio e recursos para garantir que a nova fase da agricultura na região seja sustentável e produtiva.

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