Jornal Artiletra homenageia poeta Oswaldo Osório e relata vivências e experiências de figuras públicas
Cultura

Jornal Artiletra homenageia poeta Oswaldo Osório e relata vivências e experiências de figuras públicas

A revista de educação, ciência e cultura Artiletra que está de regresso às bancas nacionais em comemoração do seu 33º aniversário, homenageia o poeta Oswaldo Osório falecido no dia 30 de Outubro, na Praia, aos 86 anos.

A directora do jornal e revista, Larissa Rodrigues, retratou Oswaldo Osório como um homem que viveu e dedicou mais de seis décadas da sua vida em plena actividade e “loucuras poéticas”, tendo encarnado os valores da liberdade e resiliência” típicos da zona do Bairro onde residia há muitos anos.

Segundo esta responsável, o poeta foi um “colaborador assíduo” desde a primeira edição lançada no dia 15 de Abril de 1991 em Mindelo e foi um dos apresentadores da cerimónia de lançamento realizada no salão de banquetes da Assembleia Nacional.

Ao longo dos anos, recordou, a editora ofereceu centenas de livros aos melhores alunos de língua portuguesa e filosofia das escolas da Praia e era o próprio Oswaldo Osório que “num gesto simples e repleto de alegria” entregava os livros aos estudantes.

“Os sorrisos dos presentes e o bom humor do Oswaldo contagiaram cada cerimónia, num ambiente de felicidade plena”, lembrou, detalhando a qualidade de “conselheiro fiel e incansável”, uma “pessoa inseparável”.

Larissa Rodrigues referiu ainda o “amor” que o malogrado demonstrava à cidade da Praia, assim como as dez ilhas como “um poeta sabe amar, com uma dimensão cósmica e uma humildade sincera”.

A jurista e escritora Vera Duarte, uma das figuras que retratam conversas e experiências com o poeta, salientou que as obras de Oswaldo Osório ecoam após décadas, dando voz ao povo e emprestando beleza em verso e prosa ao edifício literário.

Expressou o privilégio de ter sido uma das co-fundadoras da associação de escritores cabo-verdianos e da academia de letras, destacando que o escritor sempre a “brindou com amizade”, encantando com a sua humildade que se faziam presentes em todos os seus versos.

Entre as obras emblemáticas do poeta, Vera Duarte optou por realçar o livro “Emergência da poética de Amílcar Cabral”, que surgiu na sequência de um apelo lançado pela Fundação Amílcar Cabral no sentido de impulsionar a criação de um núcleo documental do líder e activista africano.

“Este apelo terá desencadeado em Osório a lembrança de um episódio quase rocambolesco consubstanciado no encontro fantástico com um amigo que confidenciou ter em mãos poemas de Cabral, episódio esse acontecido há muitos anos”, confidenciou, avançando que o poeta teve a posse a mais de uma trintena de poemas de Cabral.

Nascido em Mindelo, São Vicente, no dia 25 de Novembro de 1937, Oswaldo Osório, pseudónimo literário de Osvaldo Alcântara Medina Custódio fundou o Caderno de Cultura do jornal Notícias de Cabo Verde (Seló).

O escritor, que estudou no Seminário Nazareno, e exerceu funções na rádio, foi empregado de comércio, presidente da União dos Sindicatos e director do Suplemento de Poesia dos anos 80, no jornal Voz di Povo, onde também desempenhou o papel de editor.

“O Senador das Letras”, como o chamou o Governo numa homenagem feita em 2022, é um dos nomes maiores da cultura, em especial da literatura, das ilhas, mas também se destacou como combatente pela independência, tendo sido preso duas vezes pela polícia política do regime fascista português, PIDE.

No ano da independência nacional, 1975, lançou a sua primeira obra “Caboverdeanamente Construção Meu Amor”, seguiu-se “Cântico do Habitante, Precedido de Duas Gestas”, e em 1977, ano em que publicou também “Cantigas de Trabalho – Tradições Orais de Cabo Verde”.

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