Colunista

Segundo os dados do Afrobarometer 2001 e 2022, o perfil educacional dos eleitores caboverdeanos inquiridos constantes de uma amostra de 1.200 indivíduos, em cada momento, residentes nas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santiago e Fogo que representam mais de 80% dos eleitores  observam-se relevantes mudanças no seu perfil sócio-demográfico.

1.     Houve um aumento quantitativo do número de eleitores aptos a votarem nas três eleições Legislativas, Presidenciais e Autárquicas, regular e continuamente.

2.      Qualitativamente, em 2001, a maioria do eleitorado era composto de indivíduos com o nível educacional mais baixo (analfabeto ou instrução até o primário) representando 63% e aqueles que tinham o nível educacional até o secundário completo representavam 35,3% e 1,4% tinha o nível superior completo;

3.      Em 2022, como consequência do impacto da expansão dos níveis educacionais primário e secundário promovidas nas décadas anteriores, ocorre uma mudança qualitativa significativa na composição do perfil do eleitorado nacional que passa a ser maioritáriamente composto de indivíduos com o nível educacional mais elevado (instrução maior que o primário até o secundário completo ou ensino superior completo) representando 52% do eleitorado e aqueles que tinham até instrução primária caiu de 50,3% para 41,4% e os analfabetos diminuíram de 12,9% para 7,1%.

4.      Outro dado relevante nesse período é que nos grupos de instrução mais baixos, em 2001, as mulheres estavam em maioria enquanto aos homens eram mais alfabetizados. Já, em 2022, as mulheres passam a ser maioritárias nos grupos mais escolarizados de nível secundário e superior, deixando os homens em minoria.

5.      A intensidade da mudança mais expressiva ocorreu no grupo de eleitores com nível superior que era de 1,4%, em 2001 e passou para 7,9%, em 2022.

6.      Importa salientar que uma das variáveis mais importantes para a explicação do comportamento do eleitor é o seu nível de educação na medida que proporciona mais ou menos oportunidades aos indivíduos, renda, qualidade de vida, bem estar, capacidade crítica de ver o mundo e de influenciar e ser influenciado.

7.      Existem outras variáveis, naturalmente, que explicam o voto, como a avaliação do desempenho do governo, as plataformas de governo e o perfil dos candidatos, dentre outras variáveis.

8.      Quando se relaciona o perfil educacional dos eleitores e a sua preferência partidária, nota-se que os perfis de educação mais baixos estão associados à preferência eleitoral pelo MpD e os que têm nível educacional mais elevados preferem o PAICV, segundo os dados do afrobarometer.

9.      A cidade da Praia representa um campo empírico da tradução do reflexo das mudanças educacionais no comportamento dos eleitores nas eleições ao logo do período em referência mas também com projeções para antes e depois dessas marcas.

10.  Com um perfil educacional de maior nível de instrução também mudaram as hierarquias dos principais problemas identificados pelos eleitores tornando a renda (inflação), saúde, segurança, educação como prioritários enquanto os Governos do MpD desde 2016 se enfiaram nos PRRAs (Programas de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidade) “sem djobi pa lado” enquanto o eleitorado gritava que o Governo estava indo no caminho errado e o resultado foram as derrotas eleitorais nas presidenciais de 2021 e o desastre eleitoral de 2024 agora esperando a remodelação governamental de uma troca de “seis por meia dúzia” antes das próximas legislativas.

O Governo do MpD ao invés de olhar para frente e para as demandas do povo, fecha os olhos e os ouvidos e volta-se para um passado que já não existe mais, nos seus discursos, personagens e estratégias!!!