O deputado Ailton Rodrigues, o governo e 1 milhão de nada…   
Ponto de Vista

O deputado Ailton Rodrigues, o governo e 1 milhão de nada…  

Com mais de um milhão de turistas por ano, o Sal gera uma receita crucial para as finanças nacionais. No entanto, continua sem receber o que lhe é devido e sem o reconhecimento que merece pelo seu impacto na economia. Sendo responsável por mais de 60% dos cerca de 500 milhões de euros gerados pelo turismo, a ilha deveria estar a receber investimentos à altura da sua importância.

Imagem mostrando ruas e espaços públicos mergulhados na escuridão, o que contrasta com a ideia de um destino turístico seguro e atrativo

Os 1,2 milhões de turistas que visitam o país são, mais uma vez, usados para alimentar a máquina de propaganda do governo. No caso do Sal, essa propaganda é feita sem convicção pelos deputados eleitos pela ilha, que parecem mais preocupados em defender o governo do que em reconhecer a verdadeira importância das ilhas mais turísticas. Quando confrontados com os problemas da ilha, limitam-se a recordar o estado em que encontraram o país e a repetir promessas que nunca cumprem.

Com mais de um milhão de turistas por ano, o Sal gera uma receita crucial para as finanças nacionais. No entanto, continua sem receber o que lhe é devido e sem o reconhecimento que merece pelo seu impacto na economia. Sendo responsável por mais de 60% dos cerca de 500 milhões de euros gerados pelo turismo, a ilha deveria estar a receber investimentos à altura da sua importância.

Podemos, no entanto, agradecer ao deputado Ailton Rodrigues, que teve a "amabilidade" de nos recordar as obras do seu governo na ilha. Obras que, na sua maioria, apenas evidenciam o abandono a que o Sal tem sido sujeito, com o apoio do próprio deputado e dos seus colegas na Assembleia Nacional.

As obras anunciadas pelo deputado, ao longo de nove anos — e não três, como tentou dar a entender —, em nada contribuíram para o crescimento do turismo. Todas chegaram com anos de atraso e, no caso da estrada de Santa Maria, além dos sucessivos adiamentos, causaram tragédias, prejuízos pessoais e financeiros a muitos salenses. Esse é mais um exemplo de como a ilha não é uma prioridade para o governo.

O posto de saúde da Palmeira, que nem sequer é um centro de saúde, foi anunciado em 2020 com um prazo de construção de seis meses. Cinco anos depois, continua fechado porque, segundo o deputado, ainda faltam equipamentos e na cidade turística o centro de saúde continua a não funcionar 24 horas.

A pavimentação de ruas, asfaltagem e os passeios são obras normais em qualquer município do país, realizadas consoante a disponibilidade financeira da câmara. No entanto, são apresentadas como se fossem investimentos extraordinários.

Um dos exemplos mais caricatos é o do pontão de Santa Maria, o ponto turístico mais visitado do país. O deputado fala na sua construção, mas todos sabem que o concurso foi anunciado e até hoje não há resultado. Ao longo dos anos, várias promessas foram feitas, mas nenhuma se concretizou. O governo deixou o pontão ao abandono, e a natureza, pela segunda vez, reclamou o que era seu. Durante 10 anos, nada foi feito, mas a culpa, dizem eles, é da natureza.

Não vale sequer a pena mencionar a lixeira municipal e a vergonha que foi o abastecimento de água, um problema para o qual já existia solução, mas que, passados nove anos, continua por resolver.

Por fim, a praia de Santa Maria continua à espera da tão prometida bandeira azul e da resolução do problema dos cães vadios. Desde o primeiro mandato, iniciado em 2016, que se fala nisto, mas caminhamos para 2026 sem bandeira azul e sem um modelo de gestão eficaz para essa praia.

O Sal continua a ser a galinha dos ovos de ouro do turismo nacional, contribuindo com aproximadamente 300 milhões de euros anuais, mas recebe apenas migalhas em troca. O deputado e o governo exaltam supostos investimentos e conquistas, mas a realidade mostra uma ilha esquecida e negligenciada. Enquanto os governantes e os seus representantes locais priorizam a propaganda em vez de resultados concretos, o Sal segue sem infraestruturas adequadas, sem um sistema de saúde eficiente e sem melhorias essenciais para potenciar o turismo como a sua diversificação.

A ausência de iluminação adequada é mais um exemplo do abandono a que o Sal está sujeito. Como podemos falar em diversificar o turismo se nem a cidade(ver imagem) mais turística de Cabo Verde é bem iluminada? A falta de luz nas ruas e zonas turísticas não só compromete a experiência dos visitantes, como também transmite uma sensação de insegurança, afastando potenciais turistas que poderiam optar por explorar a cidade em vez de ficarem confinados aos resorts all-inclusive. Uma simples caminhada noturna torna-se um desafio, e o comércio local perde oportunidades de crescimento devido à falta de condições para um turismo mais dinâmico e diversificado

A falta de visão — ou talvez de interesse — demonstra que o Sal continua sem qualquer prioridade política por parte dos seus próprios representantes, sejam eles do executivo municipal, deputados nacionais ou municipais. A ilha é tratada apenas como um instrumento eleitoral, usada para garantir votos nos maiores círculos eleitorais do país. A deputada Gemie, que votou a favor do estatuto especial para a Praia, ignora completamente os problemas de Santa Maria e do Sal, apesar de ser natural da ilha. Isso revela que muitos deputados não passam de fiéis servidores do partido, mais preocupados em manter as regalias do cargo do que em defender os interesses da população. São representantes apenas de nome, cujo único propósito parece ser garantir uma vida confortável. O deputado Aniceto, por sua vez, há muito que desapareceu e já nem se faz ver pelo Sal.

O desenvolvimento da ilha não pode continuar a ser apenas uma promessa de campanha. Exige ação real e urgente. Mas, por enquanto, muitos continuam satisfeitos com um governo que apenas reage aos problemas, em vez de os antecipar com um verdadeiro projeto para a ilha e ficou claro que  a continuidade do ministério de turismo na Ilha serve apenas para garantir que militantes do MPD tenham trabalho.

Partilhe esta notícia

Comentários

  • Salense, 11 de Mar de 2025

    .....sao todos uns vegonhosos serviçais do partido no poder porque este lhes proporciona migalhas que Lhes faz sentir que sao alguma coisa na vida....

    Sao sim, traidores e Absolutamente impreparados para a vida publica! Manhentos! Oportunistas! Incapazes do Bem comun...

    Responder


Comentar

Caracteres restantes: 500

O privilégio de realizar comentários neste espaço está limitado a leitores registados e a assinantes do Santiago Magazine.
Santiago Magazine reserva-se ao direito de apagar os comentários que não cumpram as regras de moderação.