PAICV pede “mobilização nacional” para fazer face a “grave crise” de segurança
Política

PAICV pede “mobilização nacional” para fazer face a “grave crise” de segurança

O Presidente interino do PAICV, Rui Semedo, disse hoje que o Governo deu um grande passo ao reconhecer a gravidade da situação da insegurança do país, mas que falta ter a coragem para dar outro passo que é sentar-se à mesa com todos, universidades, especialistas, organizações da sociedade civil e trabalhar na estruturação de respostas mais adequadas para os desafios da atualidade.

“Estamos a falar da mobilização nacional para fazer face a grave crise de segurança”, explicou Rui Semedo em conferência de imprensa realizada hoje na cidade da Praia, onde também defendeu a necessidade degarantir estabilidade e segurança profissional, material e emocional aos próprios agentes da segurança para poderem desempenhar de melhor forma a sua missão.

Para Rui Semedo, a “segurança é um desígnio nacional e deve ser tratada como um recurso estratégico para o desenvolvimento de Cabo Verde".

“É urgente a normalização e a pacificação das relações entre as instituições com a missão de garantir a segurança às pessoas, colocando em evidência os princípios da interligação, da complementaridade, da cooperação e de uma relação institucional saudável, voltada para cumprir a missão de garantir este bem essencial que é a segurança do país, das pessoas e bens”, afirmou.

Também nas suas declarações, Rui Semedo relembrou que a questão da segurança do país tem sido trazida, com muita frequência, para a esfera pública, uma vez que as medidas apresentadas para garantir este bem essencial para as pessoas “não se tem revelado nem satisfatórias e muito menos eficazes”.

“Nos últimos dias a situação foi tão grave e insustentável que o próprio Governo reconheceu publicamente, primeiro pela voz do Ministro da Administração Interna, depois secundado pelo Primeiro-Ministro, que a criminalidade tem aumentado”, disse..

Para este responsável partidário, isso quer dizer que a situação atingiu um nível tal, que nem o Governo consegue mais esconder a realidade, que há muito já era reconhecida e denunciada pelas pessoas tendo em consideração o impacto arrasador no seu dia-a-dia.

“Foi necessário que mais vidas fossem ceifadas para que o Governo se despertasse da sua longa e preocupante letargia e impotência perante o crescimento descontrolado da criminalidade urbana que tira tranquilidade às pessoas de bem”, acrescentou.

Os meses de julho e agosto foram, segundo Rui Semedo, “dramáticos” para a cidade da Praia, com assaltos à mão armada às pessoas nas ruas, nas suas habitações e nos seus estabelecimentos deixando para trás um número expressivo de vítimas mortais, enlutando as famílias e indignando os cidadãos que lutam para o seu ganha-pão e para o crescimento e desenvolvimento deste país.

“As pessoas desesperam-se, manifestam e protestam clamando por medidas adequadas e ajustadas à realidade vivenciada, mas o Governo sempre tem teimado, tentando convencer a si mesmo, que a situação estava sempre sob controlo e que todos, que estavam preocupados com a insegurança, estavam a ver fantasmas. Os taxistas tiveram que sair à rua, mais uma vez, para demonstrar o seu desespero e manifestar a sua preocupação pela gravidade da situação e o risco que se tornou o exercício da sua profissão nesta cidade, tal é o nível de violência, de que são vítimas, nos dias de hoje”, completou.

Rui Semedo afirmou que a resposta do Governo parece ser a mesma sem se preocupar com o facto de se estar a viver uma situação extraordinária que exige também medidas extraordinárias e melhor estruturadas.

“Falam-nos de aumento de nível de operacionalidade, de tolerância zero para com a criminalidade, que não é mais do que a repetição do já desgastado discurso que vem sendo reiteradamente feito desde 2016, sem sucesso nenhum”, frisou.

Quanto ao anúncio do Primeiro-Ministro de aumentar as estruturas ou criar uma nova estrutura, Rui Semedo disse que todos sabem que “o problema é bem diferente” e que “as respostas passam por um melhor aproveitamento e uma qualificada rentabilização das estruturas e dos recursos existentes”.

“Os episódios de prisão, soltura e prisão de novo dos presumíveis assassinos de um importante empresário desta cidade e de outros envolvidos em outros homicídios são demonstrativos de falhas graves no sistema de segurança. Pareceu-nos existir uma concorrência desnecessária para demonstrar serviços, por uns e por outros, uma verdadeira disputa de protagonismos enquanto a preocupação da população está centrada na proteção da sua integridade física e na segurança dos seus patrimónios e dos seus bens"” finalizou.

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