José Maria Neves. “Não houve nenhum desvio do Campus Universitário de São Vicente”
Política

José Maria Neves. “Não houve nenhum desvio do Campus Universitário de São Vicente”

Ex-primeiro-ministro garante que a decisão de construir o Campus no Palmarejo resultou de pareceres de especialistas nacionais e estrangeiros. E que a China não pode decidir em que ilha deve ficar a infra-estrutura.

Numa altura em que um grupo de docentes da Universidade pública no Mindelo prepara mais um abaixo assinado a reivindicar a construção do Campus UniCV em São Vicente – porque desde o início assim estaria previsto –, José Maria Neves decidiu quebrar o silêncio.

Num artigo de opinião publicado esta quinta-feira, 13, no semanário A Nação, o antigo primeiro-ministro, começa por observar que, tendo a Uni-CV, desde a nascença, dois pólos – Praia e São Vicente – “ter-se-ia, numa segunda fase, de procurar financiamento para o Campus do Mindelo, mais ligado ao Cluster do Mar”.

E para desmistificar equívocos, o ex-chefe do executivo afirma: “…Não houve nenhum desvio do Campus Universitário de São Vicente para a Praia, pela singela razão de, não obstante ser financiamento chinês, o Governo da República Popular da China (RPC) não ter condições de decidir construir qualquer obra, nesta ou naquela ilha, antes e à revelia do Governo de Cabo Verde”.

José Maria Neves lembra, por outro lado, que os deputados nacionais eleitos pelo círculo eleitoral de São Vicente, tendo conhecimento da ideia da construção do Campus, “tiveram encontros com o Governo, solicitando que o mesmo fosse construído no Mindelo, ou então, dividido em dois e construído simultaneamente nas duas cidades (Praia e Mindelo)”.

Segundo ele, tendo sido consultado o Governo chinês, este considerou que “seria inviável para eles essa opção, porque aumentaria consideravelmente os custos”.

Neste artigo bastante longo, José Maria Neves esclarece que o mesmo vem a propósito da manifestação protagonizada  por cidadãos do Mindelo (São Vicente) no dia 5 de Julho, data da Independência de Cabo Verde e que mobilizou milhares de pessoas.

Na sua perspectiva, a manifestação é “um sinal dado a toda a sociedade política, quem deve considerá-la com redobrada atenção, pelas suas implicações na formação da vontade política nacional e no desenho futuro das políticas públicas”.

Para o ex-primeiro-ministro, o lançamento da primeira pedra para a construção do Campus Universitário da Uni-CV fez “transbordar o copo e catalisou a referida manifestação”.

“As causas, estas, são muitas, mais remotas e complexas do que aquelas que têm sido apresentadas nas redes sociais e por alguns analistas e comentaristas”, precisou o antigo presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), numa referência à manifestação do Mindelo.

Com Inforpress

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