A reacção do Governo à reportagem do semanário luso, Tal & Qual, que destratou, sobre o alegado envolvimento do ministro Paulo Rocha num caso de homicídio mereceu resposta pungente do órgão. Para o periódico, baseando-se nas ameaças do Executivo de novas acções contra os jornais – Santiago Magazine e A Nação – que escreveram sobre o tema, espelha um facto, que o hebdomadário titula na capa: “Jornalistas em Cabo Verde queixam-se de perseguição”, para no interior do jornal destacar em letras garrafais que “Jornalistas cabo-verdianos estão sob a lei da mordaça”.
O ano 2022 está de partida e deixa para trás uma montanha-russa de ocorrências e eventos, um legado pesado para 2023. Santiago Magazine compilou uma série de acontecimentos mais marcaram o ano que se despede, com destaque para o sector da justiça e da imprensa, que entraram em choque obrigando os jornalistas a sairem às ruas e recomendações e repreensões de organismos internacionais sobre a ameaça à liberdade de imprensa e tentativa de silenciamento de jornalistas em Cabo Verde.
Os jornalistas Daniel Almeida, do Jornal A Nação, Aide Carvalho, da TCV (hoje de licença), e Benvindo Neves, da Rádio de Cabo Verde, venceram a edição 2021 do Prémio Nacional de Jornalismo (PNJ) nas categorias imprensa escrita, televisão e rádio, respectivamente.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que o conflito entre os jornalistas e o Ministério Público é algo que deve ser debatido em toda a sua dimensão visando encontrar “soluções viáveis”.
O Procurador-Geral da República, Luís José Landim, disse que o foco no caso em que dois jornalistas e respectivos órgãos foram constituídos arguidos “está mal direcionado”, e deveria ser orientado para quem faz as leis no País.
A ministra da Justiça, Joana Rosa, garantiu hoje “total abertura” do Governo para abrir o debate com vista à alteração da norma que criminaliza os jornalistas por desobediência qualificada ao divulgarem peças processuais em segredo de justiça.
Três movimentos cívicos sediados em São Vicente posicionaram-se hoje perante acontecimentos recentes em que jornalistas foram convertidos em arguidos, solidarizando-se com a classe, ao mesmo tempo que alertam para perigos que tal representa para a democracia.