Caos nos transportes aéreos e a ridicularização do Estado
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Caos nos transportes aéreos e a ridicularização do Estado

A Cabo Verde Airlines (CVA) tem-se revelado um saco sem fundo. Nessa companhia aérea, “o dinheiro que não acaba mais” não tem tido qualquer impacto no manancial de somas, subtrações e saldos apurados ou por apurar. A posição do governo em relação a esta empresa, hoje propriedade de um grupo privado estrangeiro, tem sido um calvário penoso para o tesouro público e para o equilíbiro e a sanidade coletiva da nação.

Depois de um aval de 20 milhões de euros, seguido de mais um de 12 milhões de dólares americanos – este último desprezado pelo PCA da empresa, Erlendur Svavarsson, que imediatamente se mostrou descontente com o montante – eis que em setembro, o governo aprova mais uma resolução autorizando o tesouro público a conceder um aval para mais “um empréstimo bancário de emergência, junto da Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), no valor de 100 milhões de escudos”.

Com data de vencimento de 12 meses, em conformidade com o período de utilização e o prazo de amortização do empréstimo, nos termos aprovados pela CECV, a referida resolução entraria em vigor no dia 27 de setembro, um dia após a sua publicação no Boletim Oficial.

Pouco mais de um mês, o governo volta a aprovar mais uma resolução, autorizando a direção geral do Tesouro a conceder mais um “aval adicional aos transportes aéreos de Cabo Verde, Cabo Verde Airlines, no valor de 118 milhões de escudos”. Este aval visa “garantir parte do empréstimo bancário junto do International Investment Bank (IIB), no valor de 218 milhões de escudos”.

De acordo com a referida resolução, publicada esta terça-feira, 3, com entrada no dia seguinte à publicação, dos 218 milhões de escudos, “o montante remanescente de 100 milhões, fica coberto com o anterior suporte concedido, em forma do aval do Estado, até ao limite de 12 milhões de dólares americanos”.

Este novo aval do governo tem um prazo de validade de 7 anos, tendo o financiamento um período de utilização de 24 meses e de amortização de 60 meses, ou seja, 5 anos.

Ao ler essas resoluções certamente que muitas questões surgem na cabeça dos cabo-verdianos. E dúvidas. E indignação. Sobretudo porque ainda as palavras do vice-primeiro ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, a respeito do financiamento público na companhia TACV, soam frescas nos ouvidos da nação, quando afirmara na comunicação social de que, a partir da privatização, o Estado não iria gastar um único centavo do dinheiro público com a empresa.

Este governo é ridículo! E anda a ridicularizar o Estado. Vende a empresa por tuta e meia, não recebe um único centavo – pelo menos nunca mostrou ter recebido – assume todos os passivos e ainda por cima tem a coragem de financiar os novos donos – os islandeses.

Afigura-se, efetivamente, tratar-se de um ato de puro masoquismo, sobretudo agora que a companhia se encontra paralisada, sem aviões, e consequentemente, sem qualquer atividade operacional e comercial.

Naturalmente que não se aceita que os cabo-verdianos sejam masoquistas. Um povo que enfrentou a escravatura, o poder colonial, venceu a luta contra a seca, aprendeu, parafraseando o poeta, Ovídio Martins, com as cabras a comer pedra para não perecer, é naturalmente um povo que ama demais a si mesmo e ao seu país, de modo que não tem, e jamais terá, qualquer vínculo com o estilo e a forma de governação que Ulisses Correia e Silva e Olavo Correia estão a praticar no país e naturalmente com os recursos estratégicos nacionais.

A Cabo Verde Airlines (CVA) tem-se revelado um saco sem fundo. Nessa companhia aérea, “o dinheiro que nunca mais acaba” não tem tido qualquer impacto no manancial de somas, subtrações e saldos apurados ou por apurar. A posição do governo em relação a esta empresa, hoje propriedade de um grupo privado estrangeiro, tem sido um calvário penoso para o tesouro público e para o equilíbrio e a sanidade coletiva da nação.

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