Elas

Samira Helena Monteiro dos Santos, 39 Anos, e Patrícia Monteiro, 29 anos, têm várias coisas em comum – ambas estudaram até 12º ano, tiveram filhos na adolescência, têm três filhos cada, têm casa própria e iniciaram os seus negócios vendendo na rua, comida e roupas, calçados, bijuterias, perfumes e produtos cosméticos.

Samira, que vendia comida na paragem dos transportes públicos e Patrícia, que vendia roupas, calçados, bijuterias, perfumes e outros produtos cosméticos, e ainda fazia penteados, manicure e pedicure na rua, hoje, têm um espaço próprio e empregam mais duas pessoas cada.

Se Samira dos Santos, que era de Achada Gomes e hoje reside em Nhagar entrou no mundo do empreendedorismo em 2010, Patrícia Monteiro, que reside em Fonte Lima, só deu os primeiros passos depois da pandemia, após ter terminado, em 2020, uma formação profissional em cabeleireira e estética.

“Sabia de antemão, que havia muitos espaços como o que ia abrir, mas, investi nessa área de cabeleireira e estética, porque confio em mim, no meu talento, e por ser algo que sempre gostei de fazer. Sou uma jovem empreendedora e tenho apostado, também, em outras áreas de negócios”, disse, acrescentando que vende no mesmo espaço perfumes, bijuterias, roupas, calçados e outros produtos cosméticos.

Esta jovem empreendedora, que outrora laborava nas ruas da cidade de Assomada, diz-se não sentir ameaçada com os preços baixos praticados por outros espaços do mesmo ramo por acreditar na qualidade do serviço que tem prestado.

Aliás, notou que foi graças a este serviço de qualidade prestado na rua que os seus “clientes de rua” a incentivaram a abrir um espaço com “mais dignidade”, onde presta actualmente serviços de cabeleireira, manicure, pedicure, limpeza corporal e facial, massagem e depilação, e ainda vende roupas, calçados, jóias, perfumes e entre outros produtos cosméticos.

Patrícia, que emprega mais duas pessoas, elegeu a qualidade no tratamento dos clientes, a segurança e higiene no local de trabalha como “chave de sucesso”, referindo-se à higienização dos materiais/equipamentos e à limpeza do espaço.

“Comecei o meu negócio em 2010. Cozinhava em casa e trazia tudo em cima da cabeça para vender na rua, depois comecei a vir de táxi, mais tarde aluguei um espaço em Assomada e passei a cozinhar e servir comida ali mesmo”, lembrou Samira, que aprendeu os dotes culinários com a sua mãe e avó.

Esta jovem empreendedora, que esteve um ano a vender comida na rua e só depois num espaço apropriado para tal, mostrou-se orgulhosa da trajectória feita e da conquista.

Conforme contou, conseguiu “conquistar o estômago” das pessoas, oferecendo comida “terra-terra”, nomeadamente cachupa, feijão e xérem, lembrando que começou com uma empregada e que houve altura que teve sete pessoas a trabalhar com ela no bar e na restauração.

Durante a entrevista à Inforpress, Samira admitiu que começou a ter “menos lucro” com a deslocação da paragem para Terminal Rodoviário de Assomada, e depois pandemia e o aumento de preço dos produtos, mas, que a qualidade da sua comida se manteve e aumentou mais 50 escudos nos pratos.

Segundo informou os pratos como carnes de porco, vaca, frango, peru, atum e outros peixes grelhado ou estufado variam de 250 a 350 escudos.

Não obstante, Assomada ter muitos restaurantes e espaços que vendem comida, a nossa entrevistada disse acreditar que ainda está de portas abertas, graças à qualidade da sua comida, do atendimento aos clientes, à segurança e ao higiene no local de trabalho.

Esta empreendedora, que faz questão de ir para cozinha para preparar as refeições, elegeu o atendimento como “fundamental” para atrair mais clientes, aliás, adiantou que é nisso que tem apostado, e tem recebido elogios dos clientes assíduos e os de ocasião.

Por outro lado, Samira, que hoje emprega mais duas pessoas, se mostrou orgulhosa por ser dona de um bar e restaurante, que, conforme notou, faz “publicidade”, oferecendo “boa comida e bom atendimento”.

Questionadas se é fácil ser mãe e empresária/empreendedora, ambas foram unânimes em afirmar que não é fácil, mas, acreditam que têm conciliado “muito bem” as duas coisas, e sempre tentam encontrar tempo para darem atenção e amor aos filhos, e ainda tratar bem os seus clientes.

Às outras mulheres deixaram uma palavra de encorajamento, e pediram-nas para deixarem de lado o medo e para lutarem até ao fim e que vão conseguir alcançar os seus objectivos, alertando, no entanto, que “nada é fácil e nada vai ser fácil.

Estas duas mulheres empreendedoras de sucessos aconselharam ainda o público feminino a não ter medo, para ignorar as críticas e para apostar no seu bem fazer e para tratar bem os clientes.

Reportagem de Feliciano Monteiro, da Agência Inforpress