Os representantes do sector privado querem saber como é que o Governo vai capitalizar o Fundo Soberano de apoio aos grandes investimentos privados, cujo montante anunciado pelo ministro das Finanças ascende a 90 milhões de euros.
Tanto o presidente da Câmara de Comércio de Barlavento (CCB), Belarmino Lucas, como o secretário-geral da Câmara de Comércio de Sotavento (CCS), José Luís Neves, consideraram que esse fundo soberano não terá “muito impacto” junto do tecido empresarial cabo-verdiano, já que esse tecido é composto em mais de 90% por micro e pequenas empresas.
“Quando olhamos para o nosso tecido empresarial facilmente concluídos que estas empresas, o essencial tecido empresarial, necessitará de outro tipo de mecanismo em termos de financiamento. Daí que esse fundo terá o impacto essencialmente nos grandes projectos”, explicou Belarmino Lucas durante a sua participação no programa Espaço Público da RCV.
O secretário-geral da CCS, José Luís Neves, afirma mesmo que neste momento as políticas públicas devem ser adaptadas à realizada e ao contexto, salientando que o foco das políticas para a promoção do sector privado em Cabo Verde deve estar centrado no desenvolvimento de instrumentos e políticas para fomentar as micro, pequenas e médias empresas.
Apesar do tecido empresarial ser comportado na sua maioria pelas PME, defende igualmente que devem ser encontrados, em termos de políticas, instrumentos para apoiar os grandes projectos, e disse esperar que o Governo consiga que o fundo soberano seja dotado de recursos para ser um instrumento efectivo na promoção do sector privado.
Contudo, questiona onde é que o Governo vai buscar os recursos para a capitalização desse fundo e afirma mesmo que não vê na economia cabo-verdiana os fundamentos que suportam a criação de um fundo soberano.
“O fundo soberano é normalmente criado por países que exportam muito, nomeadamente os recursos naturais como o petróleo, e que depois geram grande excedentes na balança corrente e utilizam esses excedentes para apoiar grandes projectos e fazer face às flutuações cíclicas na economia, mas em Cabo Verde não há esses fundamentos”, explicou.
“Cabo Verde não é um país exportador, tem um défice crónico da balança de pagamentos, não geramos excedentes nem poupanças fiscais. Então a questão que se põe é onde é que o Governo vai buscar dinheiro para criar esse fundo soberano, porque se for para endividar o fundo não tem soberania”, frisou.
O presidente da CCB também considera que o Governo vai ter de ser muito criativo para dotar dos valores necessários para que esse fundo soberano se torne efectivo.
“Cabo Verde não tem petróleo e nem outras fontes de recursos relevantes e vai ter de encontrar formas de financiamento desse fundo, vai ter de ser criativo para dotar dos valores necessários para que ele se torne efectivo”, sustentou.
O Fundo Soberano, segundo o ministro das Finanças, Olavo Correia, irá servir para aumentar o acesso ao crédito do sector privado e dessa forma contribuir para o investimento privado e o desenvolvimento da economia.
Com Inforpress
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