O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que Cabo Verde tenha um crescimento económico negativo de 4% este ano, acelerando para 5,5% em 2021, com a dívida pública a aumentar para 132,5% este ano.
"Os países de recursos não intensivos devem ver o crescimento abrandar de 6,2% para 2%, e dentro deste grupo, os países dependentes do turismo, como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe ou as Ilhas Seicheles, deverão passar por uma quebra severa, com o PIB a contrair-se 5,1% depois de ter crescido, em média, 3,9% em 2019", diz o Fundo.
"A África subsaariana está a enfrentar uma crise económica e sanitária sem precedentes", lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais da África subsaariana, este ano inteiramente dedicado aos efeitos da covid-19 no continente.
"O crescimento nos países exportadores de petróleos deve cair de 1,8% em 2019 para -2,8% este ano, o que revela uma queda de 5,3 pontos percentuais face ao relatório de outubro", lê-se no documento, que aponta que o maior exportador da região, a Nigéria, deverá ver a sua economia cair 3,4% devido à queda do preço do petróleo e aos efeitos das medidas de isolamento social.
A crise "ameaça afastar a região do seu caminho, revertendo os progressos encorajadores no desenvolvimento dos anos recentes", diz o FMI, alertando também que "ao ceifar um número pesado de vítimas, prejudicando a subsistência, e afetando os negócios e as contas públicas, a crise ameaça também abrandar as perspetivas de crescimento da região nos próximos anos".
Num quadro de incerteza ainda maior que o habitual, o FMI antecipa que a África subsaariana tenha um crescimento negativo de 1,6%, o maior de que há registo e 5,2 pontos percentuais abaixo das previsões de outubro, e prevê que em 2021 o continente volte ao crescimento, vendo o PIB expandir-se, em média, 4,1%.
Para o Fundo, a previsão de recessão para África subsaariana explica-se por três grandes fatores: as medidas de contenção, que prejudicam a atividade económica, os efeitos do abrandamento da economia global, também ela em recessão este ano, e a "forte queda do preço das matérias-primas, especialmente o petróleo, que magnifica os desafios em algumas das maiores economias dependentes de recursos, nomeadamente Angola e a Nigéria".
Estes choques, explica o departamento africano do Fundo, "vão interagir com as vulnerabilidades atuais, exacerbando as condições económicas e sociais de cada país".
Reconhecendo que "as medidas que os países tiveram de tomar para garantir o distanciamento social e impedir as pessoas de circular vão de certeza colocar em perigos a subsistência de inúmeras pessoas vulneráveis", que por causa das limitadas proteções sociais que existem para compensar a perda de rendimentos, "vão sofrer".
Para o setor público de muitos países, esta crise, conclui o FMI, "não podia ter vindo em pior altura".
PIB...............................2019........2020........2021
Angola.........................-1,5.........-1,4...........2,6
Cabo Verde...................5,5.........-4,0........5,5
Guiné Equatorial..........-6,1.........-5,5........2,3
Guiné-Bissau..............-.4,6.........-1,5........3,0
Moçambique.................2,2..........2,2........4,7
São Tomé e Príncipe.....1,3.........-6,0........5,5
África Subsaariana........3,1.........-1,6........4,1
Dívida...................................2019........2020.......2021
Angola.................................109,8.......132,2.....124,3
Cabo Verde.........................121,2.......132,5.....127,7
Guiné Equatorial...................41,4........54,2......52,2
Guiné-Bissau........................69,8........70,9......71,1
Moçambique.......................109,0.......125,4.....124,9
São Tomé e Príncipe............73,1........73,5......69,1
África Subsaariana...............50,1........55,9......57,4
Fonte: Perspetivas Económicas Regionais da África subsaariana', FMI
Com Lusa
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