Livro “Siríaco e Mister Charles” de Joaquim Arena vence categoria prosa do Prémio Oceanos
Cultura

Livro “Siríaco e Mister Charles” de Joaquim Arena vence categoria prosa do Prémio Oceanos

O romance “Siríaco e Mister Charles” do autor cabo-verdiano Joaquim Arena venceu a categoria prosa do Oceanos – Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, organizado no Brasil, que anualmente destaca os melhores livros publicadas em língua portuguesa.

O concurso literário, cujos vencedores foram anunciados hoje, também premiou “O gosto amargo dos metais”, da autora suíça naturalizada brasileira Prisca Agustoni, que ganhou a categoria poesia.

O romance “Siríaco e Mister Charles” narra uma amizade improvável entre o jovem Charles Darwin e Siríaco, um velho negro e ex-escravo que sofre de vitiligo. A obra tem como pano de fundo a história entre Portugal e Cabo Verde no século XIX.

É o terceiro romance de Arena, que se estreou na literatura com “A Verdade de Chindo Luz” (2006) e também publicou “Debaixo da Nossa Pele” (2017).

Arena é advogado, jornalista e músico, e também foi conselheiro cultural e de comunicação da Presidência da República de Cabo Verde, entre os anos de 2017 e 2021.

Já a obra “O gosto amargo dos metais”, de Prisca Agustoni, que nasceu na região suíça de Lugano, área de predominância da língua italiana, mas que também escreve em português, retrata as tragédias de Mariana e Brumadinho, duas cidades brasileiras que foram devastadas pela rutura de duas barragens de mineração.

A obra expõe as feridas provocadas pelos dois acidentes que devastaram grandes áreas do estado de Minas Gerais, uma das regiões mais ricas do Brasil que tem como característica a mineração em larga escala e o extrativismo praticado ao longo de séculos.

Prisca Agustoni mora no Brasil desde 2002, em Juiz de Fora, cidade localizada em Minas Gerais. É poeta, tradutora e professora de literaturas italiana e comparada na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Em comunicado, a diretora da Associação Oceanos, Selma Caetano, destacou que o prémio “é um trabalho coletivo constante de promoção da língua portuguesa, e existe para colocar os leitores diante da produção literária da geração contemporânea de escritores do idioma – geração esta que é muito bem representada pelos 10 livros finalistas de 2023.”

“Títulos que, sem exceção, nos arrancam da imobilidade ao reconhecer e denunciar traumas passados e recentes, e apontar novas perspetivas”, completou.

Em 2023, os organizadores do prémio dividiram as inscrições em duas categorias: prosa (que também incluiu obras de dramaturgia) e poesia. Os autores selecionados nessas categorias foram avaliados por dois júris diferentes.

Entre 1.188 inscritos de poesia foram selecionados 21 semifinalistas e depois, entre esses, cinco finalistas. Entre 1.466 obras de prosa, foram selecionadas 20 semifinalistas e depois, entre esses, cinco finalistas.

Outra novidade da edição de 2023 foi o valor do prémio, de 300 mil reais (57 mil euros), divididos entre os vencedores de poesia e da categoria prosa e dramaturgia, com 150 mil reais (cerca de 28,5 mil euros), para cada um.

Na última etapa, os jurados brasileiros André Sant'Anna, Eliane Robert Moraes, José Castello, Schneider Carpeggiani, o moçambicano Nataniel Ngomane e a portuguesa Clara Rowland leram os cinco romances finalistas para selecionar o vencedor da categoria de prosa.

Um júri composto pelos brasileiros Célia Pedrosa, Maria Esther Maciel, Tatiana Pequeno e pelos portugueses Carlos Mendes de Sousa e Golgona Anghel leram os cinco finalistas de poesia para selecionar o vencedor da categoria.

O Oceanos é realizado por via da Lei de Incentivo à Cultura pelo Ministério da Cultura do Brasil, e conta com o patrocínio do Banco Itaú e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, com o apoio do Itaú Cultural, do Ministério da Cultura e do Turismo de Moçambique, do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde e o apoio institucional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

 

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